Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS-SP

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MEDICAMENTO ANTIRRETROVIRAL RETARDA ADOECIMENTO POR AIDS

Estudo pioneiro no país estimou em uma coorte de infectados pelo HIV sem aids, o tempo de progressão desde a infecção pelo HIV até a aids (TPIA).

Estudo pioneiro no país desenvolvido na Gerência de Vigilância Epidemiológica do Centro de Referência e Treinamento em DST/AIDS-SP pela pesquisadora Mariza Vono Tancredi como Tese de Doutorado sob a orientação do Profº Dr. Eliseu Alves Waldman da Faculdade de Saúde Pública da USP estimou em uma coorte de infectados pelo HIV sem aids, o tempo de progressão  desde a infecção pelo HIV até a aids (TPIA). ¿Seus resultados apontam importante impacto do uso dos antirretrovirais (ARV) e, especialmente, da terapia antirretroviral de alta potência (HAART) na ampliação do tempo de portador assintomático do HIV até desenvolver  aids¿. 
A pesquisa teve por objetivo estimar, para os períodos pré e pós HAART, a taxa de incidência de aids, o tempo de progressão da infecção até a aids (TPIA) e investigar os fatores associados ao TPIA, numa coorte de indivíduos infectados pelo HIV, mas sem aids. 
 
Participaram do estudo indivíduos HIV+ sem aids, com 13 anos ou mais, residentes no município de São Paulo, atendidos em ambulatório especializado, diagnosticados de 1988 a 2003 e acompanhados até 2005.  Foram estudados 1879 indivíduos; 1208 deles foram incluídos no estudo no período pré-HAART (de 1988 a 1996), e 671 no pós-HAART (após 1997). 
 
Segundo Mariza Tancredi, os resultados desta pesquisa mostraram que houve uma queda de 60% na taxa de incidência de aids no período e apontam uma diminuição de cinco vezes na incidência entre os que receberam HAART se comparada com a incidência entre os não tratados e em duas vezes e meia, se comparada à incidência entre os que receberam outros esquemas terapêuticos..
 
Os resultados da pesquisa mostraram que os fatores associados à progressão mais rápida para a aids foram: esquema terapêutico, idade no diagnóstico de infecção pelo HIV, raça/cor (auto-referida), categoria de exposição, escolaridade e primeira contagem de CD4+.  
¿Pertencer ao grupo etário de maiores de 50 anos está associado ao menor tempo de progressão para a aids, assim como a população de pardos e pretos, provavelmente por seu menor acesso aos serviços, fatores que possivelmente retardam o diagnóstico da infecção¿, explica Mariza.
 
Pertencer à categoria de exposição UDI também está associado ao menor tempo de progressão para a aids, assim como a escolaridade. ¿A menor escolaridade pode estar implicada em menor status socioeconômico, fator que interfere no acesso aos serviços de saúde e na adesão ao tratamento¿, diz.
 
Apresentar contagem de CD4+ inferior a 500 cel/mm³ também está associado à progressão mais rápida para aids, por representar um diagnóstico tardio.
 
O uso de ARV ampliou o tempo de progressão até a aids,  para todos, embora de forma heterogênea segundo características das pessoas e estágio da história natural da infecção pelo HIV. 
 
Entre os pacientes portadores do HIV que não foram tratados, apenas 21,9% permaneceram livres de aids por 9 anos (108 meses) após serem infectados pelo HIV, mas entre os que receberam HAART 76,8% deles permaneceram livres de aids pelo mesmo período.
 
O risco de evoluir para a fase manifesta da aids foi 3 vezes maior entre portadores não tratados, 2,9 vezes maior entre indivíduos com 50 anos ou mais de idade, 2 vezes maior entre os não alfabetizados, 1,7 vezes maior entre os usuários de drogas injetáveis, 1,4 vezes maior entre homens que fazem sexo com homens, 1,4 vezes maior entre negros e pardos, 1,6 vezes maior quando o  nível de CD4+ está entre 350 a 500 cel/mm³ no diagnóstico da infecção.
 
 
¿Os resultados desta pesquisa podem contribuir para o aprimoramento de condutas clínicas e para a elaboração de estratégias de intervenção de saúde pública especialmente as voltadas a favorecer aqueles grupos que alcançaram menor benefício com a introdução dos novos esquemas terapêuticos, especialmente aqueles voltados a reduzir a transmissão e prolongar o período de incubação entre os infectados, reduzindo os casos novos de aids¿, comenta Mariza. ¿O diagnóstico e tratamento precoce da infecção pelo HIV constituem duas das principais estratégias de combate à epidemia, pois reduzem a transmissão do HIV pela queda da carga viral entre os tratados¿, conclui.
 

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