Instituto de Saúde

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Preconceito racial agrava as condições de saúde da maioria da população brasileira

Mais recente número da série Temas em Saúde Coletiva, sobre o preconceito racial nos serviços de Saúde, terá seminário de lançamento

 


03 de setembro de 2019

 

 

No Brasil, um dos países mais desiguais no mundo, 54% das pessoas declaram-se negras (pretos e pardos). Esse número vem aumentando gradativamente, trazendo à tona a discussão sobre as inúmeras formas de violência sofridas por essa população, que atingem também sua saúde física e mental.

O próximo volume da série Temas em Saúde Coletiva - As Interfaces do Genocídio no Brasil: raça, gênero e classe - irá tratar desse assunto sob a perspectiva da Saúde Coletiva. A coletânea, organizada por Marisa Feffermann, Suzana Kalckmann, Deivison Faustino, Dennis de Oliveira, Maria Glória Calado, Luis Eduardo Batista e Raiani Cheregatto, aborda essa questão sob uma perspectiva inovadora, dirigida diretamente aos profissionais do SUS, com o intuito de disseminar os conhecimentos práticos e científicos necessários ao atendimento rotineiro da grande maioria da população brasileira.

 

Luis Eduardo, um dos organizadores do livro, explica: “A grande inovação que essa coletânea traz para o IS ao discutir o tema da violência, é pensar que a violência não é simplesmente a morte por causas violentas, por fatores externos. A morte, é uma morte em vida, uma morte por não ter escola de boa qualidade, por não ter emprego, por ter péssima condição de moradia, uma morte por estar nas regiões mais pobres da cidade e com pouco acesso as regiões centrais”.

 

Segundo a publicação, o genocídio é definido como uma série de atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, qualquer grupo social. No caso da população negra, o fenômeno acontece na carência de pertencimento a algum lugar, ao sentimento de inferioridade e incapacidade, rejeição, negligência, maus tratos, abuso, violência, inadequação, inadaptação e isolamento social. A morte não significa apenas a cessação imediata da vida, mas a retirada constante e paulatina da capacidade ou da vontade de sobrevivência de uma pessoa.

 

Segundo Marisa Fefferman, uma das organizadoras da obra, o genocídio racial por vezes ocorre de forma discreta, tornando-se parte da rotina daqueles que atuam nos serviços de saúde: médicos, enfermeiras, técnicos e psicólogos. O preconceito também pode ser reverso, dos pacientes em relação aos profissionais da saúde. Os organizadores, exemplificando casos discretos de genocídio, citaram o questionamento da capacidade do profissional negro, situação que ocorre diariamente em unidades de saúde, segundo eles. Pacientes, ao repararem na cor escura da pele do profissional, questionam se ele é realmente o responsável capacitado daquela função, convertendo-se em um problema de saúde para os próprios profissionais de saúde.

 

“Essa publicação, considerando toda a história social, cultural e econômica do país, é um marco na perspectiva do Instituto de Saúde, por pensar justamente nos determinantes sociais, e como eles provocam várias doenças”, considera Marisa. “É essencial que todos os profissionais de saúde, nos hospitais, CAPS e UBS estejam sensibilizados para lidar com essa realidade”, conclui a pesquisadora.



Interfaces do Genocídio no Brasil: raça, gênero e classe

 

Organização: Mariza Feffermann, Suzana Kalckmann, Deivison Faustino (Nkosi), Dennis de Oliveira, Maria Glória Calado, Luis Eduardo Batista e Raiani Cheregatto

 

São Paulo: Instituto de Saúde, 2018. 496 p. (Temas em Saúde Coletiva 25)

 



Programação Completa:

 

Dia 06 de setembro, às 13hrs - Instituto de Saúde - Auditório Walter Leser

Rua Santo Antônio, 590, Bela Vista, São Paulo, SP

 

13:30 - Boas Vindas/Abertura

 

14h00 - Mesa I – O genocídio no Brasil: uma questão complexa

Mediação da Profa. Dra. Marisa Feffermann do Instituto de Saúde/SES-SP.

Participantes: Prof. Dr. Deivison Faustino (Nkosi), UNIFESP-Baixada Santista

Prof. Dr. Denis de Oliveira, Escola de Comunicação e Artes da USP

Fellipe Rodrigues Souza, Advogado e mestrado em direito político e econômico

 

16h00 - Mesa II – Genocídio como regra, saúde como resistência

Mediação do Prof. Dr. Luís Eduardo Batista do Instituto de Saúde/SES-SP.

Participantes: Profa. Dra. Flavia Rios, Universidade Federal Fluminense

Profa. Dra. Clélia R.S Prestes, NEPAIDS/USP; Instituto AMMA Psique e Negritude

Prof. Dr. Ricardo Alexino Ferreira, Escola de Comunicação e Artes da USP

Prof. Dr. Alessandro de Oliveira Campos, UNIFESP-Baixada Santista

 

Lançamento do livro As Interfaces do Genocídio no Brasil: raça, gênero e classe

 

18h00 - Roda de Jongo com Grupo Preta Bandêra

 

 

Vagas limitadas. Faça sua inscrição aqui.

 

 

 

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