Instituto de Saúde

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Artigo no BIS discute o Mestrado Profissional em Saúde Coletiva

28 de agosto de 2019

 

 

A última edição da revista BIS – Boletim do Instituto de Saúde – traz o artigo “Mestrado Profissional em Saúde Coletiva: um programa de formação em defesa do SUS”, de Sônia Venâncio e Tereza Rosa, pesquisadoras do Instituto de Saúde.

 

Segundo o artigo, foram formados 41 alunos desde o início do programa em 2011, das mais diversas áreas da Saúde, sendo que 85% deles atuam em serviços municipais e 65% são gestores. As formações profissionais mais frequentes são Enfermagem (28%), Medicina (22%), Psicologia (15%), Farmácia (11%) e Nutrição (9%).

 

Sônia Venâncio, também diretora assistente do Instituto de Saúde e uma das autoras do trabalho, respondeu as seguintes perguntas sobre a história, as razões do sucesso e as perspectivas para o futuro do programa:

 

Instituto de Saúde: No artigo é citado o Curso do Aprimoramento, que vem desde a década de 70, mas o MPSC só teve início em 2011. Como foi o processo, desde ter a ideia do Programa de Mestrado Profissional até o momento dele ser aprovado pela Capes?

 

Sonia Venancio: O aprimoramento e a especialização fazem parte da vocação do Instituto de Saúde para formar profissionais. Isso faz parte da nossa tradição desde o início da instituição. Essa questão do Mestrado surge a partir do mestrado acadêmico que nós promovemos junto com os institutos Adolfo Lutz e Emílio Ribas. Esse programa tinha diversas áreas de concentração, e uma delas era a de Saúde Coletiva. Essa foi a nossa primeira experiência com um programa de pós-graduação strictu sensu. Mas ela acabou não dando certo, porque o programa foi inserido na área de medicina da CAPES, cujos critérios de avaliação não são adequados para o ensino e a pesquisa em Saúde Coletiva. Por isso, decidimos criar um programa próprio de mestrado profissional, e não acadêmico, mais adequado ao papel do Instituto de Saúde, que é formar os profissionais do SUS no Estado de São Paulo em pesquisa para o aprimoramento dos serviços de Saúde.

 

IS: Então o mestrado, mesmo sendo profissional, forma pesquisadores?
 

SV: Sim, os alunos são formados para aplicar os métodos científicos de pesquisa em Saúde Coletiva em sua atuação profissional. Mas a pesquisa é aplicada, ou seja, precisa ser incorporada ao trabalho que eles já realizam e produzir resultados na qualidade do atendimento prestado, por isso é chamado de profissional. Isso é até mais difícil do que o mestrado acadêmico. O nosso desafio é captar as demandas dos serviços, fazer uma seleção dos alunos a partir delas, oferecer uma formação sólida em Saúde Coletiva e metodologia científica e que os projetos de pesquisa tenham, em dois anos, uma aplicação prática no serviço.

 

IS: Nesse caso, o que é mais importante, a demanda do serviço ou a formação dos alunos?

 

SV: A seleção exige que os alunos apresentem um pré-projeto para serem aprovados. Portanto a análise da intenção de desenvolvimento de uma pesquisa está presente desde o início. Além disso, é preciso uma manifestação dos responsáveis pelos serviços onde eles estão inseridos. Além da prova de conhecimentos específicos, a análise do pré-projeto tem um peso importante na avaliação toda, que inclui ainda a viabilidade e relevância do projeto e a sua compatibilidade com a expertise do corpo docente do Instituto. Pode haver projetos interessantes em áreas em que o Instituto não atua especificamente.

 

IS: Então os projetos devem se encaixar em linhas de pesquisa pré-definidas? Como elas foram estabelecidas?

 

SV: Na verdade nós temos mais linhas de pesquisa do que as oferecidas no Mestrado, mas nem todas elas possuem condições de atender todas as exigências pedagógicas da CAPES. Elas foram estabelecidas em função dos critérios exigidos para o credenciamento do programa pela CAPES.

 

IS: Quais foram as lições aprendidas nesse processo?

 

SV: Aprendemos que a implementação dos projetos pelos alunos na prática dos serviços do SUS é muito complexa. É preciso lidar com uma série de instabilidades externas ao longo do desenvolvimento do projeto, como as mudanças de gestão, por exemplo. Para lidar com essas situações, que põem em risco não só a formação dos alunos, mas os próprios serviços nos quais eles atuam, nós optamos por envolver outros profissionais além do aluno. Para isso eles trabalham com pesquisa-ação (metodologia que reúne pesquisadores e profissionais no diagnóstico de problemas organizacionais) e outras metodologias participativas, porque isso cria uma mobilização de todo o grupo na busca de resultados. Estamos também analisando a possibilidade de envolver os gestores dos serviços e a comunidade atendida por eles em eventos de discussão e promoção das inovações propostas pelos alunos.

 

IS: Isso seria um legado do Mestrado Profissional para o futuro das próximas turmas?

 

SV: Gostei dessa ideia! Que responsabilidade! Vocês já entrevistaram os alunos do Mestrado no evento do aniversário de 50 anos do Instituto. Vocês devem ter percebido o vínculo que eles têm com o Instituto e as mudanças que isso promove na vida deles. Isso já é bastante coisa, pois uma das funções desse programa é formar profissionais críticos e engajados na luta pelo SUS. Acho que estamos conseguindo promover essa reflexão porquê de fato eles saem com mais ferramentas para trabalhar pelo SUS. Mas a gente quer que, além das mudanças nos alunos, que eles tenham a chance de transformar a realidade em que eles estão inseridos. A gente pensa nisso porque os contextos são muito variados. Há projetos que são rapidamente incorporados e aplicados pela gestão, enquanto outros, apesar de terem potencial, não têm continuidade. É por isso que estamos tentando nos aproximar dos gestores para que eles conheçam e reconheçam melhor os resultados desse trabalho. Outra coisa que pretendemos fazer é acompanhar o desempenho dos egressos mais de perto. Nós já fazemos avaliações sobre isso, mas não é suficiente. Queremos conversar mais com eles depois que o curso acaba para discutir formas de implementação também, porque dois anos não são suficientes.

 

 

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