Linhas de Ação
Alinhada à Política Nacional de Humanização, a proposta de uma Política Estadual de Humanização visa implementar no estado de São Paulo os princípios e diretrizes da PNH por meio de um esforço conjunto na construção e implantação de novos dispositivos para organização do trabalho de atendimento aos usuários e para apoio à gestão dos serviços de saúde.
As três principais linhas são:
1. Formação de Centros Integrados de Humanização nos diferentes níveis de atenção à saúde
A formação de Centros Integrados de Humanização tem por objetivo garantir a disseminação do conceito e da prática de humanização, favorecendo o trabalho em rede e contribuindo para a integração, a cultura do diálogo e da cooperação entre as unidades de saúde, no âmbito regional e nos vários níveis da rede. Devem, também, promover a multiplicação e capilarização dos processos de apoio e formação, assim como das ações de humanização.
São responsáveis pela instituição de espaços de discussão e troca de experiências do cotidiano local e pela formulação, implantação e monitoramento de planos regionais ou institucionais de humanização de forma participativa e colaborativa. Estes planos visam promover intervenções e mudanças no fazer dos serviços de saúde alinhados às diretrizes, método e dispositivos da PNH.
A articulação dos Centros Integrados de Humanização é coordenada pelo Núcleo Técnico de Humanização da SES por meio de apoio, acompanhamento e monitoramento das ações e planos desenvolvidos nas diversas instâncias.
2. Apoio Técnico e Formação em Humanização
Os processos de Apoio Técnico e Formação em Humanização fundamentam-se em princípios metodológicos nos quais o conhecimento, a discussão, a problematização e a troca de experiências sobre necessidades e oportunidades locais são indissociáveis dos processos de transformação da realidade e das práticas dos serviços de saúde.
Constitui-se no exercício de um modo de fazer cooperativo que visa promover processos de mudança na prática de atenção e gestão, integrando o trabalho de profissionais de diferentes áreas e serviços e facilitando a interface entre os objetivos gerais das instituições de saúde e as necessidades singulares dos profissionais de saúde e de usuários. Tal exercício promove participação responsável, difusão de conhecimentos e práticas, fortalecendo vínculos de cooperação e respeito, fatores esses indispensáveis para o funcionamento em rede: integração dos profissionais entre si e das equipes no interior dos serviços; articulação entre os serviços e destes com outros setores e políticas públicas.
O apoio, em seu aspecto de olhar externo, exerce uma função que contribui para que os grupos nas instituições possam, além de seu conhecimento, alcançar um relativo distanciamento necessário à reflexão crítica do fazer cotidiano. Nesse processo estão envolvidas equipes de humanização, articuladores, ouvidores e técnicos nos DRS, profissionais responsáveis pela criação e funcionamento dos Centros Integrados de Humanização em nível regional, municipal e nas unidades de saúde.
3. Monitoramento, Avaliação e Disseminação de Resultados
Processos de avaliação permanente e participativa dos resultados das políticas de saúde são fundamentais para a qualificação das ações e para a correção dos rumos de trabalho. Assim como são indissociáveis formação, conhecimento e transformação da realidade são também indissociáveis planejamento e avaliação dos processos de intervenção e melhoria das práticas de saúde.
O desenvolvimento de novas estratégias e a sustentação de ações exitosas depende da análise das mudanças alcançadas e do grau de disseminação das ações. Para isso, a PEH prevê a criação de um sistema de monitoramento e avaliação permanente e participativo, com definição de indicadores e metas. Tais indicadores são definidos, acordados e sempre que possível incorporado aos contratos que regulam a prestação dos serviços entre unidades e secretaria de saúde.
Os três eixos da PEH fazem parte de um mesmo processo de fortalecimento e qualificação do trabalho em rede. A formação de grupos de humanização em nível local e regional contribui para a integração, a cultura do diálogo e da cooperação entre as unidades de saúde por meio da proposição de espaços de discussão e troca de experiências do cotidiano do trabalho em saúde, dos fluxos para continuidade do cuidado, do compartilhamento de responsabilidades e mútuo apoio, movimentos estes necessários para o trabalho em rede. O processo de Apoio Técnico e Formação em Humanização é em si um exercício de um modo de fazer cooperativo que estimula a integração entre profissionais, equipes e serviços, favorecendo movimentos e parcerias também fundamentais para o trabalho em rede.
Complementarmente, a realização de processos de avaliação permanente e participativa, integrados ao planejamento e à implementação das iniciativas favorece a responsabilização de profissionais e equipes pelas mudanças necessárias no fazer cotidiano em saúde, além de promover autonomia e reconhecimento do papel de cada um como elo fundamental para o funcionamento em rede.
Portanto, as três linhas propostas pela PEH se constituem em três processos interdependentes que compartilham o objetivo comum de fortalecimento e qualificação do cuidado em rede.
Metodologia de implementação da PEH
A implementação da PEH segue a mesma lógica metodológica nos diferentes níveis da rede de saúde: integração de profissionais em grupos técnicos de humanização, articulados entre si e responsáveis pela formulação ascendente de planos de intervenção em humanização. Para isto, as equipes de unidades de saúde, Departamentos Regionais e municípios, contam com o apoio realizado pelas equipes de humanização central e regional da SES.
Essa proposta metodológica busca garantir alinhamento do trabalho entre equipes e ações de humanização, articulando em rede os grupos de trabalho e integrando ações que, apesar de reconhecido valor, muitas vezes perdem força por não estarem integradas entre si. A integração das ações de humanização por meio de plano de trabalho construído de forma ascendente, com ampla participação de trabalhadores de diferentes serviços e formação profissional, e orientado por um diagnóstico de necessidades e oportunidades locais favorece mudanças mais sustentáveis e de caráter institucional.
Os movimentos de constituição e de articulação em rede de grupos de humanização e de formulação, acompanhamento sistemático e avaliação conjunta de resultados dos planos de intervenção contribuem para o reconhecimento da humanização como apoio institucional que favorece a qualificação das discussões regionais e locais das necessidades de saúde, assim como favorece a criação de espaços de encontro para troca de experiências que podem ter papel de referência para a proposição de novas práticas em saúde.
Os processos desencadeados em cada eixo proposto pela PEH e sua metodologia de implementação confluem para o desafio do trabalho em rede, ou seja, para a qualificação do modo como os serviços estão se relacionando, para o exercício da atenção interprofissional e, portanto, para a integralidade e continuidade do cuidado.