Humanização

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Experiência da ampliação do horário de visitas nas unidades de internação e unidades fechadas - Hospital Estadual de Bauru

 

 

 

A EXPERIÊNCIA DA AMPLIAÇÃO DO HORÁRIO DE VISITAS NAS UNIDADES DE INTERNAÇÃO E UNIDADES FECHADAS (EMERGÊNCIAS, UNIDADE DE TRATAMENTO DE QUEIMADURAS (UTQ) E UNIDADES DE TRATAMENTO INTENSIVO (UTIs) ADULTO, PEDIÁTRICA, CORONARIANA, QUEIMADURAS)

 

Hospital Estadual de Bauru

DRS VI - Bauru

 

 

Objetivo da experiência

1. Propiciar o aumento das possibilidades de acesso dos visitantes aos pacientes internados no HEB, garantindo assim a vinculação entre paciente, sua rede social e os demais serviços de saúde, mantendo latente seu projeto de vida e,

2. Fornecer subsídios para nortear a implantação do dispositivo da PNH referente a Visita Aberta e Direito ao Acompanhante (Lei 10.689 de 20 de novembro de 2000 e Cartilha PNH - MS, Visita Aberta e Direito ao Acompanhante, Brasília-DF, 2004)

 

Público alvo

- Pacientes das Unidades de Internação do HEB (Clínicas Médicas e Cirúrgica, Oncologia, Pediatria e Coronariana);

- Pacientes das chamadas Unidades Fechadas do HEB (Emergência, Unidade de Tratamento de Queimaduras - UTQ e Unidades de Tratamento Intensivo - UTIs  Adulto / Centro Cirúrgico, Pediátrica, Coronariana, Queimaduras)

 

Equipe envolvida

- Equipe multiprofissional de referência de cada uma das Unidades (Médico, Enfermagem, Psicologia, Serviço Social)

 

Recursos utilizados

Recursos materiais e estruturais utilizados - datashow para apresentações, sala de reuniões, auditório, cadeiras, papéis e impressoras (listas de presença, elaboração de atas, disponibilização de impressos, entre outros), copiadora (Manual de Orientação institucional a ser distribuído para os visitantes), cartazes e displays acrílicos para disponibilizar orientações específicas na entrada de cada uma das Unidades, etiquetas de identificação para os visitantes.

 

Interface com outras áreas e/ou serviços

- Diretoria Executiva e Diretoria de Assistência ao Paciente do HEB;

- Membros da Comissão de Humanização do HEB;

- Gerência, Supervisão e equipe de Enfermagem de cada uma das Unidades;

- Coordenação Médica e médicos de cada uma das Unidades;

- Supervisão de Psicologia e Supervisão do Serviço Social do HEB;

- Serviço de Hotelaria / Segurança do HEB;

- Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do HEB;

- Membros do Grupo de Apoio (HEB) para acompanhamento da implantação da Visita Ampliada;

- Assistente Social do RH do HEB;

- Enfermeira da Educação Permanente do HEB;

- Responsável pelo SAU (Serviço de Atendimento ao Usuário) do HEB;

- Marketing e Assessoria de Comunicação e Imprensa (ACI) FAMESP;

- Articuladora de Humanização NTH / SES DRS VI e Apoiadora de Humanização NTH / SES e,

- Representantes das demais Unidades FAMESP / Bauru (AME Bauru, Maternidade Santa Isabel - MSI, Hospital Estadual Manoel de Abreu - HEMA, Hospital de Base de Bauru - HBB).

 

Breve histórico da experiência

Desde o início das atividades do HEB, o horário de visitas contemplava algumas horas diárias, sobretudo nas Unidades de Internação, sendo que nas Unidades Fechadas (Emergência, Unidade de Tratamento de Queimaduras - UTQ e Unidades de Tratamento Intensivo - UTIs  Adulto, Pediátrica, Coronariana, Queimaduras) o contato dos visitantes com o paciente era restrito a apenas uma hora diária, sendo divida em 30 minutos no período da manhã (momento em que o visitante geralmente obtinha as informações médicas) e 30 minutos no período da tarde.

Após alguns anos, este horário foi se flexibilizando de modo que até novembro de 2015, era permitida a entrada de visitantes nas Unidades de Internação por 7 horas diárias e 5 horas diárias nas Unidades Fechadas.

Visando a implementação do dispositivo da Política Nacional de Humanização - PNH, referente à Visita Aberta e Permanência de Acompanhante (Lei 10.689 de 20 de novembro de 2000 e Cartilha PNH - MS, Visita Aberta e Direito ao Acompanhante, Brasília-DF, 2004), a Diretoria Executiva do HEB alinhada às demais Unidades FAMESP e respaldada pelas apoiadora e articuladora do Núcleo Técnico de Humanização da SES / DRS VI assegurou a ampliação do horário de visita a qualquer paciente internado por 12 horas diárias (das 08 às 20 hs), sem número de visitantes definido, desde que se realizasse a visita apenas um visitante por vez nas Unidades (salvo os casos em que o visitante fosse menor de idade / deficiente / idoso com dificuldades motoras e/ou cognitivas ou os casos de pacientes em Isolamento, seguindo-se aqui as orientações do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar-SCIH).

As etapas e estratégias dos vários serviços envolvidos para a implantação da ação referente a ampliação do horário de visitas em todas as Unidades do HEB serão descritos no próximo item.

 

Desenvolvimento da ação

Para ilustrar as estratégias institucionais envolvidas na implantação da ação, o relato será dividido em dois momentos: as estratégias realizadas previamente ao início da ação com finalidade de planejamento (estratégias pré ação) e as realizadas posteriormente que visaram apreciação e avaliação (estratégias pós ação).

 

ESTRATÉGIAS PRÉ AÇÃO:

Até que se instituísse de fato a ampliação do horário de visitas para 12 horas diárias em todas as Unidades do HEB (início oficial em 09/11/15) ocorreram:

a) Reuniões envolvendo Diretoria Executiva, Comissão de Humanização, Coordenadores Médicos e Supervisores de Enfermagem das Unidades Fechadas durante todo o ano de 2015, visando inicialmente a divulgação dos conteúdos da PNH/ PEH de forma a esclarecer a necessidade de implantação da ação e também verificar as dificuldades e adaptações necessárias, bem como sugestões para que tal ação acontecesse.

b) Explanação teórica pela Presidente da Comissão de Humanização sobre a PNH de forma geral, enfocando-se o dispositivo específico referente a Visita Aberta e Permanência de Acompanhante para a Gerência e Supervisoras de Enfermagem.

c) Levantamento de necessidades pela Gerência e Supervisoras de Enfermagem / Serviço de Psicologia / Serviço Social / Hotelaria quanto as adequações necessárias, resultando nas seguintes providências:

- Comissão de Humanização do HEB (revisão do Manual de Orientação para pacientes e visitantes, incluindo elaboração de demais orientações / discussão de demandas e sugestões / adaptações necessárias quanto a especificidade das Unidades Fechadas);

- Hotelaria (reforço das novas regras institucionais nas Recepções, disponibilização de cartazes informativos com orientações sobre a realização de visitas nas entradas das Unidades Fechadas incluindo orientações sobre lavagem de mãos, postura, momento de obtenção de informações médicas, uso de celulares entre outros, confecção de etiquetas diferenciadas contendo nome do visitante e Unidade de origem para facilitar a identificação e evitar circulação em outras dependências);

- SAU (revisão do Manual de Orientação com sugestões / adequações / informações provenientes diretamente da manifestação dos usuários do serviço e esclarecimentos, bem como divulgação e acompanhamento dos desdobramentos da implantação da ação);

- Marketing e ACI (confecção dos cartazes fixados nas entradas das Unidades fechadas, divulgação interna da nova ação através de cartazes "Acontece" em todos os murais informativos da Instituição, bem como divulgação na tela inicial de todos os computadores internos, além da divulgação da ação para as demais Unidades FAMESP e mídia externa);

- Psicólogas e Assistentes Sociais de referência das Unidades Fechadas (inclusão de orientações grupais ou individuais aos visitantes sobre a implantação da ação conforme demanda apresentada);

- Parceria entre Gerência de Enfermagem, Supervisão de Psicologia, Supervisão de Serviço Social, Hotelaria, Assistente Social do RH e Enfermeira da Educação Permanente para elaboração e realização de treinamentos com os funcionários das Recepções e as equipes das Unidades Fechadas "Sensibilização com os trabalhadores da Saúde" - no intuito de não somente divulgar a ação e conteúdos das Políticas Nacional e Estadual de Humanização - PNH e PEH - mas também levantar dificuldades, concepções errôneas, preconceitos e sugestões promovendo com isso uma escuta diferenciada e a possibilidade de diálogo para construção conjunta da prática.

d) Acompanhamento de representantes do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar - SCIH para orientações técnicas específicas em relação a isolamentos (paramentação e restrições para proteção do visitante e paciente) em todas as fases do processo.

e) Criação de um Grupo de Apoio com representantes de setores diretamente envolvidos na implantação da ação para acompanhamento, atuando como uma espécie de comissão avaliadora. Este Grupo foi composto por Presidente da Comissão de Humanização, Supervisão de Serviço Social, Gerência de Enfermagem, RH, Saúde do Trabalhador e Hotelaria. Para verificar e oficializar intercorrências e dificuldades durante a implantação da ação, foi elaborado um formulário de notificação de intercorrências acessível a todos da instituição. Acordou-se que qualquer funcionário poderia realizar a notificação (Recepção, Enfermagem, Psicologia, Serviço Social, Médicos e demais profissionais da equipe de apoio) e entregar ao supervisor da área, que encaminharia ao seu representante do Grupo para discussão posterior.

 

ESTRATÉGIAS PÓS AÇÃO:

a) Análise das queixas: após a implantação da ação, foram encaminhados 05 formulários preenchidos (04 de Unidades Fechadas e 01 do SAU) que continham as seguintes dificuldades: visitas para pacientes em isolamento, visita permanecendo por tempo prolongado configurando-se como acompanhante e visitante não receptivo às orientações da Enfermagem. Em 02 das notificações, foi possível adotar medidas imediatas como discussão de caso com referência da Hotelaria para reforço de orientações na Recepção e acionar psicóloga de referência de uma das Unidades fechadas para atendimento individual com visitante.

b) 1ª Reunião Grupo de Apoio para implantação da ampliação do horário de visitas (16/11/15): a primeira reunião ocorreu uma semana após a data de implantação discutindo-se sobre as ocorrências envolvendo a visita a pacientes em isolamento, a qual culminou em novas orientações da SCIH e divulgação destas. Também foram expostas dificuldades dos Supervisores de Enfermagem relativas ao uso do banheiro de funcionários, uso irrestrito de telefones celulares, grande fluxo de entrada e saída, acúmulo de visitantes nas antessalas das Unidades Fechadas, dificuldades com identificação dos visitantes, questões relativas aos cuidados e exposição dos pacientes e solicitação da presença de um funcionário fixo que realizasse orientações aos visitantes. Diante disso, foram adotadas medidas cabíveis imediatas visando minimizar algumas dificuldades como a modificação na forma identificação do visitante (etiqueta com Unidade de origem do paciente), confecção de placas indicativas de banheiros privativos, bem como cartazes com orientações primordiais na entrada das Unidades Fechadas. Também se reafirmou a importância da continuidade do trabalho de sensibilização com os funcionários das Unidades Fechadas.

c) 2ª Reunião Grupo de Apoio para implantação da ampliação do horário de visitas (30/11/15): apesar de não terem sido apresentadas notificações foram pontuadas algumas dificuldades ainda presentes quanto processo de implantação da visita ampliada, sobretudo em relação a privacidade dos pacientes e alguns cuidados específicos em certas Unidades Fechadas. Acordado providenciar reparos nas Unidades e confecção de cartazes aos visitantes para aguardar orientações da Enfermagem.

d) Reunião entre Presidente da Comissão de Humanização e Diretoria Executiva (02/12/15): Neste encontro objetivou-se ciência das demandas e pendências, sendo acordado: oficialização da implantação da ação através de ofício circular institucional, levantamento de investimentos quanto adequações das Unidades fechadas (privacidade) e demais adequações, término de confecção de material (Cartilha) para divulgação da PNH / PEH junto aos funcionários através de programa contínuo com a parceria firmada entre RH, Educação Permanente, Psicologia e Serviço Social, finalização de demais pendências (etiquetas, cartazes e outros).

e) Reuniões contínuas entre articuladora de Humanização da DRS VI e representantes das Comissões de Humanização das Unidades FAMESP através de encontros periódicos - Grupo de Trabalho de Humanização (GTH) e Coletivo AME e Hospitais FAMESP / Bauru para discussão de ações e dispositivos já implantados e planejamento de ações futuras.

 

Resultados alcançados

A implantação da ação voltada a ampliação do horário de visitas no HEB ocorreu com sucesso em todas as Unidades de Internação e, mais especificamente nas Unidades Fechadas. Acredita-se que os objetivos propostos (propiciar o aumento das possibilidades de acesso dos visitantes aos pacientes internados e fornecer subsídios para nortear a implantação do dispositivo da PNH referente a Visita Aberta e Direito ao Acompanhante) foram atingidos e que para tanto, foi fundamental pensar em estratégias de implantação envolvendo planejamento e avaliação da ação. Da mesma forma, tal mudança não seria possível sem o envolvimento e esforços de todos os setores e equipes envolvidos.

 

Há fragilidades, vulnerabilidades ou problemas específicos da experiência?

Mesmo não havendo impeditivos para a implantação da ampliação do horário de visitas no HEB, existem alguns pontos que ainda necessitam de pequenos ajustes, principalmente quanto:

- adaptações nos espaços físicos,

- trabalho contínuo de orientação aos visitantes sobre a importância de seu papel e do seguimento correto das rotinas institucionais por todos os profissionais da equipe de saúde visando garantir a atenção de qualidade ao paciente e,

- o trabalho com a equipe de saúde e funcionários da instituição como um todo, no sentido de despertar para uma mudança de olhar do processo do cuidar e todos os envolvidos: paciente, sua família, sua rede de apoio e para a própria equipe de saúde, implicando em uma mudança cultural.

 

Qual é o diferencial da experiência?  Por que é uma experiência inovadora?

Acredita-se que o diferencial da presente ação está na possibilidade de participação e construção coletiva dos vários sujeitos envolvidos na ação - Diretoria Executiva, Comissão de Humanização, Equipes de saúde, funcionários da recepção, SCIH, Hotelaria, SAU, RH e Educação Permanente, entre outros), os quais colaboraram de forma ativa neste processo expressando seu ponto de vista, necessidades e sugestões para que a mudança ocorresse da melhor forma possível. Da mesma forma, o planejamento sistemático da ação possibilitou minimizar as intercorrências e resolver de forma pontual as questões levantadas conforme demanda apresentada, bem como avaliar a ação servindo como experiência e parâmetro para a implementação de outras ações correlacionadas.

 

A experiência tem ou pode ter algum desdobramento?

Os desdobramentos da implantação da ação descrita neste relato de experiência permitem planejar e executar a implementação de outros dispositivos preconizados pela PNH:

- visita aberta e permanência de acompanhantes,

- capacitação dos familiares para a produção do auto cuidado, estimulando assim sua autonomia e protagonismo no processo de cuidar,

- delinear a Clínica Ampliada e o Projeto Terapêutico Singular e,

- alta responsável e articulação com a rede de cuidados.

 

Contato

bmeira.heb@famesp.org.br

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