Humanização

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Enfrentamento do Absenteísmo - AME Santo André e AME Mauá

 

ENFRENTAMENTO DO ABSENTEÍSMO NOS AMES SANTO ANDRÉ E MAUÁ

 

 

AME Santo André e AME Mauá

DRS I - Grande São Paulo

 

Introdução

Problemas Gerados pelo Absenteísmo:

I) Do ponto de vista do usuário:

- Adiamento e descontinuidade das suas necessidades de cuidado;

- Aumento da Insatisfação com os Serviços de Saúde;

- Aumento do tempo de espera para marcar a consulta, exame e/ou procedimento;

II) Do ponto de vista da gestão:

- Crescimento progressivo da demanda reprimida reduzindo a possibilidade de acesso porque o mesmo usuário volta a demandar atendimento especializado;

- Desequilíbrio na oferta de serviços;

- Aumento dos custos assistenciais, visto que o adiamento pode provocar agravo da condição referida do usuário;

- Desperdício dos serviços, desde a consulta do médico da atenção básica, o trabalho da regulação, a visita do ACS para entrega do agendamento, o trabalho do especialista.

 

Objetivo da experiência

- Reduzir o desperdício de vagas, obtendo um melhor aproveitamento de recursos financeiros e disponibilizando maior capacidade de atendimento para população.

- Fortalecer o trabalho em rede e relação entre os serviços da regulação, Atenção Básica e Atenção especializada.

- Qualificar o acesso e a integralidade do cuidado.

 

Público alvo

Indireto: Profissionais de saúde da Atenção Básica,  AMEs, usuários e Conselhos  de saúde.

Direto: Gestores da regulação, Atenção Básica e AMEs.

 

Equipe envolvida

Equipes de Atenção Básica, Grupo Técnico Regional de Atenção Básica, Grupo Condutor Regional de Regulação, AMEs Mauá e Santo André, CARS 1/DRS1 (Centro de Apoio Regional em Saúde) , Articuladores de Atenção Básica  e de Humanização, CT e CIR.

 

Recursos utilizados

- Salas de reuniões para encontros regionais

- Filipetas para planejamento e diagnóstico, fita crepe e caneta piloto.

 

Interface com outras áreas e/ou serviços

- Interface com a regulação dos sete municípios e Coordenação da Atenção Básica.

- Interface com o CARS1 Grande ABC, Articuladoras de Atenção Básica e de Humanização.

- Articulação e apresentação na Câmara Técnica e CIR.

- Apresentação e entrega do plano de ação para a Coordenação dos AMEs na Coordenadoria de Gestão de Contratos de Serviços de Saúde - CGCSS.

 

Breve histórico da experiência

2014/2015: reorganização dos processos de trabalho interno dos AMEs   visando eliminar as barreiras internas do absenteísmo. Destacamos estudo interno com o setor do agendamento e Call Center, qualificação do cadastro interno para corrigir falhas, fazem confirmação da agenda cinco dias antes com os usuários, contato telefônico com as centrais de regulação dos municípios, além do envio de sms da CROSS o usuário é avisado pela regulação do município. Elenca vários motivos de ausência relatados pelos usuários. Neste período o apoio da Articuladora de Humanização foi estratégico para as equipes reorganizarem os processos de trabalho. É realizada uma aproximação com a Câmara Técnica com pouco resultado para ambos e sem propostas de ações.

O AME prossegue obtendo bons resultados frente ao cumprimento de metas, mas sem avanços com o absenteísmo.

Em Março de 2016 com apoio da Articuladora de Humanização e CARS aos AMEs é pautado  uma apresentação no Grupo Técnico Regional  de Atenção Básica

 

Etapas:

Março a Junho de 2016:

1. Apresentação do levantamento do absenteísmo dos AMEs no GTAB (Grupo Técnico Regional de Atenção Básica). Expõe a estratificação do absenteísmo por especialidade e reforça os elevados índices de ausência dos usuários na 1ª consulta, variando  entre as especialidades.  A perda primária é  mais elevada que as consultas de retorno. Realizou capacitação com os Médicos que contribuíam com elevado nº de interconsultas  desnecessárias. Reforça que a principal consequência do absenteísmo é a diminuição do acesso para a população, além do desperdício de recursos públicos e da continuidade do cuidado.  Mostra o plano de ação realizado internamente e destaca o problema da logística dos usuários, alguns municípios como  Diadema os usuários chegam a utilizar   4  a 5  linhas de ônibus. AME Santo André  participa  sistematicamente do Grupo Condutor regional de regulação.

AME Mauá expõe tabelas de dados sobre o absenteísmo por município, com estimativa de perda financeira. A maior perda de vagas é do município de Mauá.  O AME se reúne a cada dois meses com os Coordenadores das centrais de regulação dos municípios da microrregião (Mauá, RP e RGS) há mais de um ano e o absenteísmo está sempre na pauta. Destaca como um dos problemas principais o não acesso ao nº de telefone por vários motivos.

2. Constituição de grupo de trabalho regional: representantes das centrais de regulação, Coordenadores de Atenção Básica, AMEs, CARS, Articuladores de Atenção Básica e Humanização

3. Diagnóstico: Análise de SWOT nos diferentes serviços (AMEs, MUNICÍPIOS E CARS);

4. Consolidação e categorização dos dados da análise de SWOT

5.  Descrição do Plano de Ação, problematização e validação no GT

6. Apresentação na Câmara Técnica e Validação na CIR em Junho de 2016

7.  Monitoramento e avaliação do plano de ação

- Total de 5 Encontros regionais do GT e 3 encontros de subgrupo de trabalho até Junho de 2016.

A partir desta exposição dos AMES no Grupo técnico de Atenção Básica, e com apoio do CARS é ampliado o convite para os representantes do serviço de regulação dos 7 municípios para o próximo encontro. No 2º encontro constitui-se um grupo de trabalho para iniciar um diagnóstico e construção de um plano de ação para o enfrentamento regional do absenteísmo.

 

Julho à Setembro de 2016: Estudo das ofertas das especialidades dos AMEs e necessidades dos municípios. Redistribuição de acordo com as informações atualizadas dos municípios atualizadas e com objetivo de contribuir com mudanças no contrato de gestão. Concluído e entregue na CGCSS.

 

Agosto/Setembro de 2016: início do matriciamento AME Mauá e município de Mauá na especialidade de Endocrinologia para discussão conjunta dos protocolos de Hipertensão e diabetes.

- Total de 2.102 de demandas reprimidas de Endocrinologia do munícipio no ano de 2015.

 - Total de 84 ofertas mensais de Endocrinologia AME Mauá para a microrregião (RP, Mauá e RGS).

- 2 reuniões com equipe do AME Mauá incluindo Médica Endocrinologista, Diretor Clínico, Farmacêutica, Coordenadora do GTH, CARS e Articuladora de Humanização;

Em levantamento de 1ª consulta de uma série histórica percebe-se que até 43% são de Diabetes tipo II não insulínico estão em condições de ser contrarreferenciada para a Atenção Básica e ampliar a entrada de novos casos.

 

21/09/2016: 1º monitoramento e avaliação plano de ação regional (trimestral e contínuo).

30/09/2016: 1ª reunião com o Colegiado da Atenção Básica do município de Mauá, AME e Articuladora de Humanização que iniciou discussão do protocolo de hipertensão e diabetes com continuidade em 14/10/2016. Município com grande disponibilidade de trabalho conjunto.

06/10/2016: Elaboração e finalização da apresentação do monitoramento para a CT/CIR de Outubro de 2016.

18 e 25/10/2016: apresentação do monitoramento do plano de ação na CT/CIR.

20/10/2016: devolutiva do monitoramento no Grupo Técnico Regional de Atenção Básica.

25/10/2016: Devolutiva para os SMS e DRS1 em reunião da CIR.

03/2017: 2º encontro regional para monitoramento.

 

Desenvolvimento da ação

1. Reorganização dos processos de trabalho interno dos AMEs visando eliminar as barreiras internas do absenteísmo e outros problemas.

2. Apresentação do levantamento do absenteísmo dos AMEs no GTAB (Grupo Técnico Regional de Atenção Básica.

3. Constituição de grupo de trabalho regional: representantes das centrais de regulação, Coordenadores de Atenção Básica, AMEs, CARS, Articuladores de Atenção Básica e Humanização.

4. Diagnóstico: Análise de SWOT nos diferentes serviços (AMEs, MUNICÍPIOS E CARS);

5. Consolidação e categorização dos dados da análise de SWOT.

6.  Descrição do Plano de Ação, problematização e validação no GT.

7. Apresentação na Câmara Técnica e Validação na CIR em Junho de 2016.

 8.  Monitoramento e avaliação do plano de ação.

 

O plano de ação foi dividido em dois eixos a partir do diagnóstico com a matriz SWOT:

Eixo I: Reorganizar e Qualificar o processo de Trabalho nos serviços de saúde da Atenção Básica, regulação e AMEs

Eixo II: Articulação de ações ligadas a MACROGESTÃO

Cada eixo com descrição de várias  ações, atividades a ser desenvolvidas e resultados esperados. 

 

Resultados alcançados

Resultado quantitativo:

Resultado qualitativo:

Um dos resultados não mensurável objetivamente, mas muito relevante neste processo de trabalho coletivo é o envolvimento e abertura dos participantes desde o início do Grupo de Trabalho. A metodologia de considerar primeiro o diagnóstico com uso da ferramenta SWOT e construção conjunta  do plano de ação  produziu sentido e compromisso com a proposta. A intermediação da Articuladora de Humanização contribuiu para os encontros inicialmente, porém depois observa-se que  formou-se uma grupalidade e interação cuja liderança e credibilidade  dos AMEs ficou fortalecida entre os participantes.

Também contribuiu para a produção do cuidado em rede, de forma compartilhada entre os diversos serviços.

 

Há fragilidades, vulnerabilidades ou problemas específicos da experiência?

Sim.

- As ações que foram executadas até o momento são as relacionadas aos técnicos e Gestores indicados pelos SMS para o GTAB, GC de Regulação e AMEs. As ações do eixo II referente a articulação de ações ligadas a MACROGESTÃO não foram  iniciadas e requer mais tempo e articulação  intersetorial com atuação dos SMS e Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

- Manutenção das ações considerando a rotatividade de Gestores Municipais e de representantes dos GTs.

- Resistência para acompanhamento dos fluxos estabelecidos nas unidades.

- Perda constante das guias médicas por parte dos usuários.

- Ainda encontramos dificuldades em localizar alguns usuários que mesmo atualizando os dados cadastrais nas USs, não são localizados.

- Ausência do matriciamento dos AMEs junto aos municípios.

- Devido a alta demanda, atualmente são assistidos prioritariamente pacientes acamados, cadeirantes e usuários em tratamento de Radioterapia, Quiomioterapia e Hemodiálise. Usuários que solicitam o transporte sanitário para consultas e exames, estão sujeitos a disponibilidade de vagas e horários

- Serviço de Transporte Sanitário do Município é terceirizado, o que não possibilita solicitação de ampliar ofertas sem o envolvimento de outras Secretarias.

 

Qual é o diferencial da experiência?  Por que é uma experiência inovadora?

- Pelo esforço coletivo e compromisso dos envolvidos e reconhecimento de que se trata de problema complexo com múltiplas variáveis, porém ao experimentar e propor solução foi-se construindo caminhos e possibilidades de intervir pelo menos em parte da resposta em um exercício de cogestão.

- Pela relevância de melhorar o acesso do usuário que necessita da atenção especializada, bem como da contrarreferência dos casos sensíveis a Atenção Básica.

- Por incentivar o relacionamento dos serviços na produção do cuidado em rede.

- Envolvimento das Articuladoras de Atenção Básica e de Humanização, CARS e municípios de forma democrática e co-construída.

- Por otimizar o uso racional dos recursos financeiros da saúde.

 

A experiência tem ou pode ter algum desdobramento?

Vários.

- Início do matriciamento da especialidade de Endocrinologia do AME junto ao município.

- Estudo das Necessidades dos municípios e ofertas dos AMEs para sugerir mudanças no contrato de gestão.

- Melhora do acesso à atenção especializada.

- Maior satisfação do usuário.

- Fortalecimento da Atenção Básica e serviço de regulação.

- Contribuiu para melhorar a integralidade do cuidado.

- Melhor utilização dos recursos financeiros.

 

Contato

marina.daminato@amesa.org.br / luciane.coordenf@amemaua.org.br / drs1.carsabc@gmail.com / pscidamorais@hotmail.com

 

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