APOIO, INCENTIVO E ESTÍMULO AO ALEITAMENTO MATERNO

 

Centro de Referência da Saúde da Mulher de Ribeirão Preto - Mater

DRS XIII - Ribeirão Preto

 

 

Objetivo da experiência

Estimular, incentivar, motivar a prática do aleitamento materno como princípio norteador do CRSMRP-Mater.

 

Público alvo

Gestantes, parturientes, puérperas, acompanhantes, familiares, visitantes, profissionais de saúde, alunos e residentes.

 

Equipe envolvida

Equipe de enfermagem, equipe de educação em saúde, médicos (pediatras e ginecologistas), psicóloga, nutricionistas, lactaristas, assistentes sociais, alunos, residentes e indiretamente os demais profissionais capacitados pela Iniciativa Hospital Amigo da Criança - IHAC.

 

Recursos utilizados

Recursos para educação em saúde (audiovisuais, materiais de papelaria, impressos, folders, banners, cartazes, imagens, jogos interativos, mama de crochê, bonecas, materiais para dinâmicas e cursos de gestantes), dentre outros materiais disponíveis no serviço para capacitação e atualização de usuários e profissionais de saúde.

 

Interface com outras áreas e/ou serviços

Este projeto possui interface com o Projeto Nascer da Prefeitura de Ribeirão Preto em que as Unidades Básicas de Saúde encaminham as gestantes com 36 semanas de gestação para concluírem o pré-natal na maternidade onde a paciente irá realizar o parto. Desta forma, temos a possibilidade de capacitar a gestante desde o pré-natal. Esta capacitação e orientações são realizadas tanto na consulta com a enfermeira (ambulatório), quanto nos temas abordados pelo curso de gestante no ambulatório do CRSMRP-Mater.

Este projeto também possui vínculo com o Projeto Floresce uma Vida da Prefeitura de Ribeirão Preto que realiza o link entre a maternidade e a Unidade Básica de Saúde de origem da paciente, desta forma a mulher recebe sua alta hospitalar com a consulta do ginecologista agendada e o neonato com as consultas de puericultura agendadas. O Projeto Floresce uma Vida comunica a UBS via email sobre quais são as necessidades do binômio e desta forma este se vincula as nossas orientações de aleitamento materno.

E com a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), desde 2003, pois mantém este título devido a este projeto que estimula, incentiva e motiva a prática do aleitamento materno.

 

Breve histórico da experiência

O Centro de Referência da Saúde da Mulher de Ribeirão Preto-Mater caracteriza-se por uma maternidade de atendimento 100% SUS, que atende Ribeirão Preto e região assistindo a mulheres com gestação de baixo e médio risco obstétrico e/ou que necessitam de intervenções cirúrgicas ginecológicas. Realiza em média 270 partos/mês dos quais 90% representam partos de recém-nascidos a termo. É um hospital escola recebe alunos e residentes da FMRP/USP e da EERP/USP e devido a isto campo de pesquisas científicas. A maternidade é intitulada pela Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), desde 2003 e mantém este título devido a este projeto que tem por objetivo estimular, incentivar e motivar a prática do aleitamento materno; bem como proporcionar bem estar para a gestante, parturiente e puérperas através de práticas humanizadas e que visam melhorar a assistência materna e neonatal. 

 

Desenvolvimento da ação

 

FASE 1 - CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS, ALUNOS E RESIDENTES: Todos os novos alunos, residentes e colaboradores passam por uma integração ao serem admitidos no CRSMRP-Mater, na qual recebem orientações sobre a IHAC e as ações em relação ao "carro chefe" de trabalho da maternidade que é o aleitamento materno, o qual esta completamente estruturado e desenvolvido pela equipe multiprofissional. Além disso, a cada dois anos as equipes realizam uma atualização sobre as novas técnicas e abordagens do manejo sobre aleitamento materno.

 

FASE 2 - ORIENTAÇÃO DA GESTANTE EM AMBULATÓRIO: Capacitação de gestantes desde o pré-natal, sobre as vantagens e benefícios do aleitamento materno para ela, o bebê, a família e a sociedade; bem como se preparar para receber o recém-nascido e iniciar o aleitamento materno sem intercorrências mamárias; e sobre a importância da doação de leite materno para o banco de leite municipal e a adequada forma de armazenamento do seu leite, quanto tiver que retornar de licença maternidade, e desejar continuar o aleitamento materno até o sexto mês de vida, conforme recomendação do Ministério da Saúde. Esta capacitação e orientações são realizadas tanto na consulta com a enfermeira (ambulatório), quanto nos temas abordados pelo curso de gestante no ambulatório do CRSMRP-Mater pela equipe multiprofissional.

 

FASE 3 - CONTATO PELE A PELE EM SALA DE PARTO / PRÉ-PARTO-PARTO-PUERPÉRIO (PPP): O contato pele a pele do recém-nascido sem risco com a mãe é incentivado e realizado como prática rotineira no CRSMRP-Mater, de forma imediata e ambos assim permaneçam sem nenhuma interferência das equipes por pelo menos 1h. O exame físico realizado pelo pediatra e os cuidados antropométricos e de enfermagem são oferecidos ao neonato somente após este período. Durante este período, além dos inúmeros benefícios e evidências científicas constatadas do contato pele a pele, promove-se o incentivo a primeira mamada ainda na primeira hora de vida, pois a equipe de enfermagem oferece o seio ao neonato durante a fase de alerta do mesmo, promovendo uma alta chance de sucesso do aleitamento materno.

 

FASE 4 - MANEJO DO ALEITAMENTO MATERNO EM ALOJAMENTO CONJUNTO: Na admissão do binômio (mãe/bebê) em alojamento conjunto a auxiliar/técnica de enfermagem realiza a avaliação da primeira mamada com o objetivo de detectar possíveis falhas técnicas (condução mãe, pega RN, postura, prega). Caso detectado falha importante a próxima mamada é avaliada pela enfermeira ou pela auxiliar/técnica de enfermagem do setor (todos são capacitados para tal), que irá auxiliar e ao mesmo tempo orientar a mulher a melhor forma de corrigir a falha detectada. Neste momento são realizadas as possíveis orientações: cuidados com as mamas para prevenir traumas mamilares ou mastites, técnicas corretas de AM (pega, prega e postura), flexibilidade areolar pré-mamada, ordenha mamária, contraindicado o uso de banho quente nas mamas, bem como compressas quentes e geladas, uso de absorventes mamários, cremes, óleos e pomadas que podem gerar futuras intercorrências mamárias. Caso a mãe apresente dificuldades em corrigir a falha detectada pelo profissional de enfermagem, o enfermeiro ciente de tal situação prescreve como um cuidado de enfermagem (SAE) a mamada assistida e desta forma, toda vez que a mãe for amamentar, ela será acompanhada por um profissional de enfermagem que irá auxiliá-la e orientá-la da melhor forma em conduzir sua mamada. Neste período, as intercorrências mamárias como: mamilos invertidos ou pseudoinvertidos, traumas mamilares, mastites, mamas extranumerárias, derrames papilares dentre outros que possam surgir e dificultar nos primeiros passos do aleitamento materno são corrigidos pela equipe de enfermagem com apoio da equipe médica, para que a puérpera continue sempre motivada e inspirada à amamentar seu bebê.

*Lembrando sempre que é um direito da mulher, se recusar a querer a amamentar, e nesta situação ela será orientada sobre os benefícios do AM, quais são as reais contraindicações ao AM e as dificuldades que irá enfrentar utilizando a fórmula infantil que será prescrita pelo pediatra, porém caso a mulher não queira amamentar, sua vontade será respeitada por toda equipe sem mais questionamentos.

 

FASE 5 - MANEJO DO ALEITAMENTO MATERNO QUANDO O RECÉM-NASCIDO TIVER QUE SER SEPARADO, TEMPORARIAMENTE, DA MÃE POR CONDIÇÕES DE SAÚDE (RN NA UCIN): Quando o recém-nascido nasce com algum risco à saúde e não pode ficar com a mãe em alojamento conjunto (24h) este binômio sempre que possível será estimulado a manter o vínculo e assim que possível iniciar o aleitamento materno, através do estímulo do contato pele a pele na posição canguru ou mesmo na transição de sonda naso/oroenterica para o peito. O aleitamento materno também é muito estimulado como método de alívio da dor do neonato, durante as punções de calcâneo como em coleta do exame do teste do pezinho ou eletrólitos.

 

FASE 6 - PREPARO DA MULHER E DOS FAMILIARES PARA A ALTA HOSPITALAR: Na alta hospitalar a mulher e familiar ou cuidador em caso de adolescentes, recebem as últimas orientações sobre os cuidados com no puerpério e com as mamas durante o aleitamento. Neste momento são sanados as últimas dúvidas e alguns mitos dos familiares  acerca da temática, pela equipe de enfermagem.

 

Resultados alcançados

O CRSMRP-Mater atualmente é reconhecido como referência em aleitamento materno em toda região de Ribeirão Preto. Possui uma equipe multiprofissional sempre disposta a cooperar com as ações relacionadas ao AM e desta forma atinge objetivos mais amplos como redução a morbi-mortalidade infantil e materna e reduz custos com aquisição de fórmulas infantis e medicamentos.

 

Há fragilidades, vulnerabilidades ou problemas específicos da experiência?

Rodízio de funcionários, alunos e residentes; alguns problemas de uniformidade das condutas entre as equipes.

 

Qual é o diferencial da experiência?  Por que é uma experiência inovadora?

O diferencial do projeto é a integração entre as diferentes equipes para fazer a dinâmica do projeto funcionar, todos estão motivados a incentivar o aleitamento materno, como uma filosofia, quem não esta, acaba não se enquadrando na equipe e participa por pouco tempo.

É uma experiência inovadora porque podemos dizer com segurança que apoiamos todas as mulheres a amamentar pelo menos em algum momento em que ela passa pelo hospital e talvez desta forma ela se sinta acolhida em um momento tão especial e único da sua vida.

Porque somos referência em aleitamento materno para o município de Ribeirão Preto e região atendendo a vários chamados de unidades para oferecer oficinas e retirar dúvidas de profissionais de saúde.

 

A experiência tem ou pode ter algum desdobramento?

Acreditamos que poderíamos dividir a nossa experiência com outras unidades e capacitar outros profissionais para que a cultura do aleitamento materno seja difundida em outras unidades.

 

Contato

aarodrigues@hcrp.usp.br