Humanização

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Aplicação de métodos não farmacológicos à parturiente no Centro de Referência da Saúde da Mulher de Ribeirão Preto - Mater

 

 

APLICAÇÃO DE MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS À PARTURIENTE

 

Centro de Referência da Saúde da Mulher de Ribeirão Preto - Mater

DRS XIII - Ribeirão Preto

 

 

Objetivo da experiência

Promover alívio da dor, conforto e apoio à parturiente.

 

Público alvo

Parturientes, acompanhantes, familiares, profissionais de saúde, alunos e residentes.

 

Equipe envolvida

Equipe de enfermagem, equipe de educação em saúde, médicos obstetras, alunos, residentes e indiretamente os demais profissionais capacitados pela Iniciativa Hospital Amigo da Criança - IHAC.

 

Recursos utilizados

- Recursos para educação em saúde (audiovisuais, impressos, folders, banners, cartazes, imagens, materiais para dinâmicas e cursos de gestantes).

- Bola suíça, bolsa térmica, massageador manual, óleos de massagem.

 

Interface com outras áreas e/ou serviços

Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC).

 

Breve histórico da experiência

O Centro de Referência da Saúde da Mulher de Ribeirão Preto - Mater caracteriza-se por uma maternidade de atendimento 100% SUS, que atende Ribeirão Preto e região assistindo a mulheres com gestação de baixo e médio risco obstétrico e/ou que necessitam de intervenções cirúrgicas ginecológicas. Realiza em média 270 partos/mês dos quais 90% representam partos de recém-nascidos a termo. É um hospital escola recebe alunos e residentes da FMRP/USP e da EERP/USP e devido a isto campo de pesquisas científicas. A maternidade é intitulada pela Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), desde 2003 e mantém este título devido a este projeto que tem por objetivo estimular, incentivar e motivar a prática do aleitamento materno.

Esta foi atualizada recentemente, pela portaria nº 1.153, de 22 de maio de 2014 (BRASIL, 2014) que redefine os critérios de habilitação da IHAC, como estratégia de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à saúde integral da criança e da mulher, no âmbito do SUS. Portanto, além dos 10 passos para o sucesso do aleitamento materno, citados pela IHAC, as maternidades que forem auditadas nos próximos anos deverão:

Cumprir o critério global Cuidado Amigo da Mulher, que requer as seguintes práticas:

- garantir à mulher, durante o trabalho de parto, parto e pós-parto, um acompanhante de sua livre escolha, que lhe ofereça apoio físico e/ou emocional;

- ofertar à mulher, durante o trabalho de parto, líquidos e alimentos leves;

- incentivar a mulher a andar e a se movimentar durante o trabalho de parto, se desejar, e a adotar posições de sua escolha durante o parto, a não ser que existam restrições médicas e isso seja explicado à mulher, adaptando as condições para tal;

- garantir à mulher, ambiente tranquilo e acolhedor, com privacidade e iluminação suave;

- disponibilizar métodos não farmacológicos de alívio da dor, tais como banheira ou chuveiro, massageadores ou massagens, bola de pilates, bola de trabalho de parto, compressas quentes e frias, técnicas que devem ser informadas à mulher durante o pré-natal;

- assegurar cuidados que reduzam procedimentos invasivos, tais como rupturas de membranas, episiotomias, aceleração ou indução do parto, partos instrumentais ou cesarianas, a menos que sejam necessários em virtude de complicações, sendo tal fato devidamente explicado à mulher; e caso seja da rotina do estabelecimento de saúde;

- autorizar a presença de doula comunitária ou voluntária em apoio à mulher de forma contínua, se for da sua vontade (BRASIL, 2014).

Tal atualização surgiu, após inúmeras críticas a IHAC que era apenas uma iniciativa amiga da criança e que, atualmente regulamenta as ações específicas à assistência pré-parto mais humanizado.

De qualquer forma, observa-se com essa renovação o foco agora é o binômio, agregando a participação da família nesta construção de um parto e pós-parto, mais humano.

 

Desenvolvimento da ação

 

FASE 1 - CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS, ALUNOS E RESIDENTES: Todos os novos alunos, residentes e colaboradores passam por uma integração ao serem admitidos no CRSMRP-Mater, na qual recebem orientações sobre a IHAC que, a partir de 22 de maio de 2014, sofreu atualização através da portaria nº 1.153 e passou a cumprir o critério global Cuidado Amigo da Mulher.

 

FASE 2 - ORIENTAÇÃO DA GESTANTE EM AMBULATÓRIO: Capacitação de gestantes desde o pré-natal sobre os métodos não farmacológicos de alívio da dor, sua autonomia e protagonismo durante o trabalho de parto e parto.  Esta capacitação e orientações são realizadas tanto na consulta com a enfermeira (ambulatório), quanto nos temas abordados pelo curso de gestante no ambulatório do CRSMRP-Mater pela equipe multiprofissional.

 

FASE 3 - ACOLHIMENTO DA PARTURIENTE NO PRÉ-PARTO: A admissão da parturiente no pré-parto é um momento de fragilidade emocional importante, por isso a equipe de saúde deve estar capacitada para acolher empaticamente essa mulher, orientá-la sobre todos os procedimentos que serão realizados, criar um vínculo com a parturiente e este se dá através da escuta ativa que consiste em sanar dúvidas, oferta de apoio emocional e empatia. Por isso a necessidade de estar presente no pré-parto durante todo o trabalho de parto desde sua internação. É necessário estimular a presença de acompanhantes para que a mulher se sinta segura e tenha apoio psicológico.

 

FASE 4 - APLICAÇÃO DE MÉTODOS NÃO-FARMACOLÓGICOS DE ALÍVIO DA DOR NO PRÉ-PARTO DURANTE O TRABALHO DE PARTO: A dor é um evento fisiológico durante o trabalho de parto, existem formas de amenizá-la para que a parturiente passe por esse processo de forma mais tranqüila. Algumas ações são de extrema importância:

- Promover ambiente seguro e privado;

- Evitar excessos de ruídos e luminosidade;

- Estimular posições de maior conforto.

A equipe de saúde envolvida na assistência no pré-parto deve explicar à parturiente sobre os métodos não farmacológicos (importância a, funcionalidade, acesso, livre escolha); Estar atento e reconhecer a dor da parturiente; Oferecer os métodos não farmacológicos e respeitar a opinião e decisão da parturiente; Preparar o banho terapêutico morno e orientá-la a permanecer no mínimo 01 hora, sentada em cadeira ou bola suíça, se sentir-se confortável; Preparar a bola suíça próximo ao leito colocando um impermeável e um lençol, orientar a sentar com as pernas bem aberta e realizar movimentos de balanço pélvico; Aplicar bolsa térmica em região dorsal e baixo ventre; Realizar massagem em região lombar com massageador e/ou manual; Posicionar parturiente em banqueta.

A equipe também deve estar sempre atenta e pronta para aplicação dos métodos não farmacológicos respeitando a individualidade e escolha de cada parturiente.

Os métodos podem ser revezados de acordo com a necessidade da parturiente, uma vez que a mesma pode se cansar ou não surtir mais o efeito terapêutico desejado.

Acompanhar, sempre que possível, a parturiente na bola suíça, no banho ou na banqueta, realizar massagens na região lombar.

 

FASE 5 - CAPACITAÇÃO DO ACOMPANHANTE PARA APLICAÇÃO DE MÉTODOS NÃO-FARMACOLÓGICOS: O acompanhante tem papel fundamental no processo, ele é uma pessoa de confiança da parturiente e tem vínculo afetivo estabelecido com ela. Devemos enquanto equipe de saúde acolher também o acompanhante para que ele se torne um facilitador e um apoiador de todo processo. Devemos orientá-lo da sua importância neste momento e capacitá-lo para que o mesmo realize a massagem participando ativamente no trabalho de parto. 

 

Resultados alcançados

O CRSMRP-Mater atualmente é reconhecido como referência em assistência humanizada ao parto e nascimento em toda região de Ribeirão Preto. Possui uma equipe multiprofissional sempre disposta a cooperar com as ações relacionadas aos métodos não-farmacológicos e desta forma atinge objetivos mais amplos como maior satisfação da mulher com o seu parto, redução de custos com analgesia farmacológica, redução de intervenções desnecessárias.

 

Há fragilidades, vulnerabilidades ou problemas específicos da experiência?

Rodízio de funcionários, alunos e residentes; alguns problemas de uniformidade de condutas entre as equipes.

 

Qual é o diferencial da experiência?  Por que é uma experiência inovadora?

O diferencial do projeto é a integração entre as diferentes equipes para fazer a dinâmica do projeto funcionar, todos estão motivados a incentivar a humanização do parto, tendo em vista desfechos mais satisfatórios tanto para a equipe assistencial quanto para a mulher que leva essa experiência para o resto de sua vida. Os profissionais em formação estão atuando diretamente com estas ações de humanização.

E sendo o binômio o foco de toda a assistência prestada na instituição, todos unem os esforços nas equipes multidisciplinares e trabalham de forma interdisciplinar para que as reais necessidades sejam atendidas.  O nascimento envolve valores culturais, sociais, emocionais que vão muito além da fisiologia do parto.

 

A experiência tem ou pode ter algum desdobramento?

Acreditamos que poderíamos dividir a nossa experiência com outras unidades e capacitar outros profissionais para que a cultura do parto humanizado com aplicação dos métodos não-farmacológicos seja difundida em outras unidades.

 

Contato

aarodrigues@hcrp.usp.br

 

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