Falta de desejo sexual atinge 60% das mulheres que procuram ambulatório do HC
Toque, beijos e muita química é o que todo casal espera
durante a relação sexual. No entanto, um levantamento do Hospital das
Clinicas da FMUSP, ligado à Secretária de Estado da Saúde, mostra que
para 60% das mulheres que buscam atendimento no Ambulatório de
Sexualidade Feminina do Instituto Central, as noites quentes ficam
somente no pensamento. "A falta de desejo sexual é a queixa mais comum
entre as mulheres, chegando a 60%", diz a ginecologista responsável pelo
ambulatório, Elsa Gay.
De acordo com a médica, a anorgasmia
(inexistência de orgasmo) atinge 10% das pacientes e outras 10% dizem
sentir dor durante a relação. O estudo mostra ainda que a falta de
desejo é um problema que afeta todas as idades. "Muita moças jovens
reclamam da perda do interesse sexual e da libido", garante a
especialista.
A doutora enfatiza que nos últimos anos as
mulheres têm buscado cada vez mais o prazer sexual, por isso vão atrás
de aconselhamento médico para essa deficiência. "Com o advento da pílula
anticoncepcional, elas querem e exigem a realização sexual, por isso
nos procuram", alerta Elsa.
O levantamento mostrou também que
após a primeira gestação, quando a mulher assume o papel de mãe, a
preocupação com a carreira é o principal motivo para a disfunção. "Elas
passam 90% do tempo pensando na profissão e acabam deixando o papel de
amante em último lugar", completa a ginecologista. Além disso, 50% delas
estão insatisfeitas com o próprio corpo, o que traz inibição na hora de
ir para a cama com o parceiro.
A disfunção sexual não é uma
exclusividade do sexo feminino. "Muitas pacientes que vêm até aqui
descobrem que, na verdade, o problema é do parceiro, ou por uma
ejaculação precoce ou até mesmo falta de ereção", explica a médica.
Como
a maioria dos casos atendidos no ambulatório não é orgânico, os
tratamentos são feitos por terapia. "A droga mágica está dentro de nós.
As principais causas que muitas vezes geram disfunção sexual estão
relacionadas à aceitação do próprio corpo. Então nós temos um trabalho
em grupo, para que a paciente se reconheça e aceite o próprio corpo",
finaliza.