A Secretaria de Estado da Saúde inaugura nesta segunda-feira, dia 29 de junho, a nova fábrica de medicamentos da Fundação para o Remédio Popular (FURP), em Américo Brasiliense, região de Araraquara. Esta será a primeira fábrica pública que produzirá medicamentos genéricos no Brasil.

Projetada com tecnologia de ponta, a mesma utilizada nos melhores laboratórios do mundo, a fábrica terá capacidade para produzir 21,6 milhões de ampolas e 1,2 bilhão de comprimidos por ano, quando toda a linha de produção estiver em plena operação. A produção atual da FURP é de mais de 1,8 bilhão de unidades farmacêuticas/ano.

A expectativa é que já em 2010 a unidade esteja produzindo comercialmente, o que ocorrerá assim que forem concluídos os processos de certificações, registros e validações de sistemas como o de água e dos processos de fabricação dos medicamentos. Essas etapas são obrigatórias e as certificações são expedidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). 

A previsão é que, ainda no primeiro semestre do próximo ano, sejam validados e comercializados os primeiros lotes de comprimidos e, no início do segundo semestre, os primeiros lotes de injetáveis. Os principais medicamentos produzidos serão produtos genéricos para tratamentos de hipertensão, diabetes, saúde mental e os destinados a doenças cardiovasculares, antiparkinsoniano e para controle de colesterol.

A produção de genéricos por um laboratório público significa uma vitória para a saúde pública não apenas de São Paulo, mas de todo o país. Isso porque a FURP atua em todo o Estado de São Paulo e em mais de três mil cidades brasileiras, atendendo cerca de cinco mil clientes, entre secretarias estaduais de saúde, hospitais públicos, consórcios de municípios, prefeituras, instituições estaduais, federais, municipais e filantrópicas, além de sindicatos e fundações.

"A inauguração da nova fábrica da Furp é mais um marco na universalização do acesso à saúde da população. Produzir e distribuir medicamentos genéricos gratuitamente para pacientes de todo o país é mostra do compromisso do governo de São Paulo com a saúde pública", afirma Luiz Roberto Barradas Barata, secretário de Estado da Saúde.

A nova unidade foi instalada numa área de 268 mil metros quadrados, com 27 mil metros quadrados de área construída. Até o momento foram investidos na obra R$190 milhões. Serão investidos mais R$ 50 milhões até o próximo ano, para a fase de pré-operação. Todos os investimentos estão sendo feitos com recursos do Estado.

A primeira etapa do processo de construção da nova planta foi iniciada em janeiro de 2003. A escolha da cidade de Américo Brasiliense foi estratégica: além de ser em um terreno próprio do Governo do Estado, fica em uma região central, o que facilita a distribuição de medicamentos. A fábrica fica próxima de universidades que contam com cursos nas áreas de ciências farmacêuticas, como a USP (Universidade de São Paulo) e a Unesp (Universidade Estadual Paulista).

A região conta com água em abundância e de excelente qualidade (Aquífero Guarani), requisitos fundamentais para produção de medicamentos injetáveis. Nesses produtos é utilizado um tipo de água com teor puríssimo (WFI) e, na fabricação de comprimidos, o tipo PW (água pura), que também é indicada para os processos de lavagem de equipamentos.

MEIO AMBIENTE

A nova fábrica foi toda projetada levando em conta a sustentabilidade e a preservação do meio
ambiente. Entre outras medidas com esse objetivo, foram plantadas aproximadamente 6 mil mudas de árvores em uma área reservada.

 Além disso, a nova unidade conta com uma ETE (Estação de Tratamento de Efluentes) que fará o tratamento de 100% do esgoto industrial e orgânico produzidos no local. Só depois de ser totalmente tratado é que o esgoto poderá ser despejado nos rios. A fábrica também possui um lago onde toda a água acumulada é captada para ser reutilizada na irrigação, entre outras coisas.

A fábrica de Américo Brasiliense também foi projetada para poder suprir 100% de sua necessidade de energia elétrica, caso haja problemas no fornecimento. Isso porque, em caso de queda de energia, a fábrica terá seu fornecimento garantido por dois gigantescos geradores de 1.700 KVA cada um. Isso garante que não haja interrupção na produção mesmo quando faltar energia elétrica na rede.

E por fim, atendendo as normas técnicas vigentes no País, nessa unidade não foi utilizada nenhuma construção que tenha amianto ou fibrocimento em sua composição. Todos os revestimentos, telhas e painéis são metálicos. Esse amplo conjunto de medidas fez com que a fábrica possua praticamente zero de impacto ambiental.

TECNOLOGIA

A nova fábrica da FURP traz para o país a mais avançada tecnologia para a produção de medicamentos, semelhante à utilizada nos melhores laboratórios do mundo. Seus equipamentos vêm de centros de excelência no setor, como Alemanha e Suíça, entre outros.

A fábrica é totalmente automatizada por uma Central de Controle que monitora todo o funcionamento da indústria, incluindo a área de produção, que funcionará 24 horas por dia. O setor produtivo possui, ainda, um sofisticado controle de acesso, com um mecanismo de intertravamento em todas as suas portas. Com ele, quando uma das portas de uma sala do setor se abre, as outras são automaticamente fechadas. Isso previne a contaminação dos diferentes ambientes. 

A unidade de Américo Brasiliense é de última geração. Na construção foram empregados materiais modernos para revestimentos de pisos e paredes. Pesquisados fora do Brasil, esses materiais são utilizados na área farmacêutica em função da facilidade de manutenções futuras. O sistema é composto de uma manta vinílica flexível, que impede trincas e rachaduras e, conseqüentemente, a entrada de bactérias. Dessa forma fica garantida a total assepsia do local.

A concepção do projeto possui outro diferencial. Toda manutenção da fábrica é feita por meio de pisos técnicos: um em cima da linha da produção e outro embaixo. Por exemplo, uma simples troca de lâmpada é realizada fora das salas de produção, pelo teto. Ou seja, só entram no espaço produtivo os funcionários da área.

MAIS SOBRE A FURP

Maior laboratório público de medicamentos do País, a Fundação para o Remédio Popular (FURP) completou 35 anos em 2009. Sua produção atual é de aproximadamente 1,8 bilhão de unidades farmacêuticas, entre 80 itens, como antibióticos, antiretrovirais, antihipertensivos, dermatológicos, imunossupressor e  medicamentos para tratamento de diabetes e saúde mental. Com 40 mil metros quadrados de área construída e mais de mil funcionários, a primeira fábrica da FURP está localizada no município de Guarulhos, na Grande São Paulo.

A idéia de criar um laboratório que produzisse medicamentos de qualidade para serem dispensados gratuitamente para a população surgiu em 1967, entre professores e alunos da Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Universidade de São Paulo. No dia 10 de abril do ano seguinte a FURP foi criada por meio da lei 10.071. Em 9 de março de 1974, entrou oficialmente em atividade sendo a fábrica de Guarulhos inaugurada em 1984.

Dose Certa

É o Programa de Assistência Farmacêutica Básica da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo que consiste no fornecimento de medicamentos para os municípios do Estado. Os produtos são - em sua quase totalidade - fabricados pela FURP e entregues para os municípios sem intermediários, conforme cronograma estabelecido.

Desde 1995, quando foi implantado, o Dose Certa já dispensou gratuitamente mais de 14 bilhões de unidades farmacêuticas. Entre os medicamentos - que cobrem a maioria das doenças com maior incidência na população- estão analgésicos, antitérmicos, antibióticos, antiinflamatório, vitaminas, pomadas e medicamentos para tratamento da hipertensão e diabetes.

Farmácia Dose Certa

Criadas em setembro de 2004 pelo Governo do Estado de São Paulo para ampliar o acesso da população do município de São Paulo aos medicamentos do Programa Dose Certa, as Farmácias Dose Certa já dispensaram nesse período mais de 106 milhões de unidades farmacêuticas até dezembro de 2008.

Nas 21 farmácias, localizadas em pontos estratégicos e de fácil acesso (estações do Metrô, da CPTM, de ônibus, hospitais e ambulatórios), são distribuídos gratuitamente 67 tipos de produtos. As farmácias são da Secretaria de Estado da Saúde e operacionalizadas pela FURP.

Em 2008 foi inaugurada no município de Cotia a primeira farmácia Dose Certa em parceira com uma prefeitura.

Reconhecimento

Recente pesquisa realizada pelo IBOPE aponta que as Farmácias Dose Certa tiveram um índice de aprovação e recomendação de 98% da população, e 95% acham o atendimento nas unidades ótimo ou bom. A pesquisa foi realizada em janeiro de 2009.