Estudo da Saúde comprova que ar da balada melhorou após lei antifumo
Poucas semanas antes de a lei antifumo entrar em vigor, uma
pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Saúde com 50 garçons e
clientes em casas noturnas de São Paulo revelou que bastava uma noite em
um ambiente fechado para que um não-fumante atingisse níveis de
monóxido de carbono no pulmão equivalentes aos de fumantes; por vezes, o
índice chegava a atingir níveis de fumantes pesados. Uma semana depois
da chegada da lei, os pesquisadores voltaram aos locais, testaram 30
não-fumantes, e constataram uma mudança radical. Para melhor.
Desta
vez, os resultados foram de índices baixos de monóxido de carbono no
pulmão dos não-fumantes do início ao fim da noite. Em alguns casos, os
níveis chegaram inclusive a baixar. Foi o caso de um garçom que mora com
três fumantes. Chegou ao trabalho, uma casa noturna, com 10 ppm na
monoxímetria. Passadas duas horas, seu índice havia baixado para 4 ppm.
A
comparação mostra um enorme ganho para a saúde pública. Na primeira
pesquisa, os resultados revelaram que em todos os casos houve aumento na
medição de monóxido de carbono. Em 65% dos casos, após algumas horas de
exposição à fumaça do cigarro, os não-fumantes já tinham níveis
similares ao de fumantes.
No levantamento mais recente, dos 30
testes realizados, 23 mostraram oscilação mínima na monoxímetria, entre 2
dois pontos para mais ou para menos. Quatro casos tiveram uma oscilação
superior a 3 ppm para cima _o que pode ser explicado pelo entra-e-sai
dos garçons na cozinha. E outros três casos mostraram queda superior a 5
ppm.
A exposição eventual, mas aguda, à poluição tabagística
ambiental (PTA), como ocorria no caso dos clientes antes da lei,
ocasiona danos ao organismo tais como irritação nasal, ocular, dores de
cabeça e secura na garganta. Já a exposição crônica à fumaça do cigarro,
como ocorria no caso dos garçons, pode levar a danos como sinusite,
otite e aumenta as chances de eventos como infarto, derrame, enfisema e
câncer.
"Nossa pesquisa começa a comprovar na prática os
resultados que esperávamos na teoria. O fumo passivo deixou de ser uma
realidade nas casas noturnas e bares de São Paulo. As vantagens para a
saúde são imediatas. O desconforto com irritações nasais e dores de
cabeça, por exemplo, já ficou para trás. E agora começam a cair também
as chances de eventos mais graves, como infartos e câncer", afirma a
dra. Luizemir Lago, diretora do Cratod (Centro de Referência de Álcool
Tabaco e Outras Drogas).
Veja abaixo uma tabela detalhando
alguns dos testes realizados antes e depois da entrada da lei antifumo
em vigor(os nomes são fictícios):
Antes
População estudada Garçom |
1º medida de monóxido de carbono |
Resultado |
Intervalo entre as medidas |
2º medida de monóxido de carbono |
Resultado |
Garçonete (Zélia) |
12 ppm (Já estava trabalhando há 4 h) |
Fumante |
1h |
18 ppm |
Fumante |
Garçonete (Luana) |
Zero |
Não fumante |
2 h |
2 ppm |
Não Fumante |
Garçom (Ferrari) |
16 ppm (Já estava trabalhando há 3 h) |
Fumante |
3h |
21 ppm |
Fumante Pesado |
Garçonete (Vanessa) |
Zero |
Não fumante |
1h |
3 ppm |
Não fumante |
Garçom (Manoel*) |
3 ppm |
Não fumante |
1 h |
12 ppm |
Fumante leve |
Depois
População estudada Garçom |
1º medida de monóxido de carbono |
Resultado |
Intervalo entre as medidas |
2º medida de monóxido de carbono |
Resultado |
Garçom Marcos |
10 ppm (ínicio do trabalho) |
Fumante leve |
2h |
4 ppm |
Não-Fumante |
Garçonete Valéria |
3 |
Não fumante |
2 h |
2 ppm |
Não Fumante |
Garçom Manoel* |
4 ppm (Início do trabalho) |
Não-Fumante |
2h |
5 ppm |
Não-fumante |
Cliente Carlos |
2 |
Não fumante |
1h40 |
4 ppm |
Não fumante |
Garçom Cláudio |
3 ppm |
Não fumante |
1 h |
3 ppm |
Não Fumante |