SP registra queda de 86,12% no número de casos de transmissão vertical de aids
O número de crianças que se infectaram com o vírus da
aids durante a gestação, o parto ou logo após o nascimento caiu de 418
casos no ano de 1997 para 58 notificações em 2007, o que representa uma
queda de 86,12%.
"Com a descentralização dos serviços de
saúde, a atenção para o parto e os cuidados no pré-natal ficaram mais
eficientes e focados nas necessidades de cada cidade. Dessa forma, São
Paulo conseguiu alcançar bons resultados", explica Luiza Harumi Matida,
médica pediatra responsável pela área de Transmissão Vertical e
Sífilis do Centro de Referência e Treinamento de DST/Aids.
As
notificações por município também registraram queda. Em 1997, 107
municípios paulistas registraram casos de transmissão vertical; em 2007 o
número de cidades caiu para 42_ queda de 38,3%.
A cidade de
Sorocaba é pioneira no combate a transmissão vertical no Estado não
registra casos de transmissão vertical desde 2005.
Crianças
Levantamento
realizado pela Secretaria de Estado da Saúde, por meio do Programa
Estadual de Combate à Aids, aponta que as crianças soropositivas
nascidas entre 1997/98 têm o período de sobrevida ampliado em até 183%
em comparação com aquelas nascidas de 1988/92.
A sobrevida média
saltou de 6,7 meses em 1991 para 84,4 meses em 1998. A estimativa do
Programa estadual é que as crianças nascidas entre 1999 e 2002 vivam
ainda mais: nove anos.
A garantia ao acesso universal da terapia
anti-retroviral associada à ampliação da cobertura de testagem anti-HIV
nas gestantes tem contribuindo para a diminuição da morbidade e da
mortalidade, com conseqüente aumento da sobrevida das crianças
soropositivas.
"O diagnóstico precoce da doença, avanço das
técnicas e a melhoria na distribuição dos medicamentos são algumas das
causas que podem ser apontadas como responsáveis pelas melhorias de vida
entre as crianças", afirma a Diretora do Centro de Referência e
Treinamento DST/Aids, Maria Clara Gianna.
25 anos de luta
O
Programa Estadual DST/Aids comemorou em novembro 25 anos. Quando o
Programa Estadual DST/Aids de São Paulo foi criado, em 1983, por um
grupo de técnicos da saúde liderado pelo médico Paulo Roberto Teixeira,
pouco se sabia sobre a doença e sua forma de transmissão. O objetivo
inicial era pesquisar dimensão da epidemia, esclarecer a população para
evitar o pânico e a discriminação dos grupos considerados vulneráveis e
garantir o atendimento aos portadores do vírus HIV.
Berço do
programa brasileiro de DST/Aids e reconhecido pela OMS (Organização
Mundial de Saúde), o programa da Secretaria de Estado da Saúde de São
Paulo completa 25 anos com reconhecimento internacional. Graças ao
compromisso dos profissionais de saúde, aliada à atuação da sociedade
civil organizada, os portadores de HIV dispõem hoje de tratamento
universal, gratuito e de qualidade em todo o Estado.
São Paulo
foi pioneiro na utilização e distribuição gratuita de medicamentos para
pessoas infectadas com HIV. Em 1990 a Secretaria de Estado da Saúde
passou a comprar Zidovudina (AZT), primeira droga usada no tratamento
dos portadores da doença. Em 1996, com o surgimento dos chamados
inibidores de proteases, como Indinavir, Ritonavir e Saquinavir o
programa estadual passou a adquirir esses anti-retrovirais e a
fornecê-los para pacientes de todo o Estado.
A política de
distribuição gratuita e universal de medicamentos para portadores do HIV
foi adotada em âmbito nacional. Atualmente 18 anti-retrovirais, em 30
diferentes apresentações, são entregues em todo o país. Em São Paulo,
cerca de 70 mil pacientes soropositivos recebem esses remédios em 165
unidades de dispensação espalhadas pelo Estado.
Além da
distribuição gratuita de preservativos (cerca de 40 milhões de unidades
por ano), o programa estadual é responsável por todo o gerenciamento
logístico dos medicamentos de DST/Aids no Estado de São Paulo, prevendo
necessidades, dimensionando custos, supervisionando o armazenamento,
elaborando grades de distribuição e monitorando as liberações de
medicamentos do Ministério da Saúde.
Reflexo desse trabalho é a
redução expressiva da mortalidade dos pacientes com HIV no Estado de São
Paulo, que chegou a 56,5% nos últimos 10 anos, a queda do número de
internações de pacientes com HIV, bem como o aumento da sobrevida média
dos portadores do vírus e a diminuição da transmissão vertical (mãe para
filho) de Aids.
Os avanços obtidos nos últimos anos também são
fruto da ampliação e melhoria da estrutura assistencial voltada aos
portadores de HIV em São Paulo. Atualmente são 184 ambulatórios, 19
hospitais-dia, 22 serviços de assistência domiciliar, 72 Centros de
Testagem e Aconselhamento e 556 leitos conveniados ao SUS (Sistema Único
de Saúde) voltado ao atendimento de soropositivos, além de 232 serviços
de referência às DST.
Em 25 anos, o programa estadual priorizou o
investimento na estruturação de uma rede de serviços descentralizada,
por meio de apoio financeiro para aquisição de equipamentos
hospitalares, permitindo o aprimoramento constante da infra-estrutura
para o diagnóstico e a prestação de assistência médica especializada no
Estado.
"A expansão dos serviços assistenciais para o interior do
Estado, a disponibilização de marcadores imunológicos e de carga viral
e, principalmente, a distribuição de medicamentos anti-retrovirais à
população infectada proporcionaram resultados expressivos em relação à
morbidade e na redução dos índices de mortalidade por Aids em São
Paulo", afirma Maria Clara Gianna, coordenadora Programa Estadual de
Combate às DST/Aids.