sobre DIARREIA E A MONITORIZAÇÃO DA DOENÇA DIARREICA AGUDA


DIARREIA E MDDA
CID10: A09

Descrição da doença

A diarreia aguda é uma síndrome causada por diferentes bactérias, vírus e parasitas ou outros agentes entéricos, e são conhecidas como gastrenterites. Pode ocorrer em outras doenças infecciosas como a malária e o sarampo. Agentes químicos, fungos, antibióticos, ou toxinas produzidas por determinados microorganismos também causam diarreia. Em geral é auto-limitada, dura alguns dias e sua gravidade depende da presença e intensidade da desidratação ou do tipo de toxina produzida pelo patógeno.

Agente Etiológico

São vários os agentes que causam a diarreia, e dependendo deles, a doença pode ser caracterizada por denominações distintas como salmoneloses, criptosporidioses, ciclosporíases, enteroviroses provocadas pelos vírus Norovírus ou Rotavírus, entre outras. Destacam-se as diarreias sanguinolentas, em geral mais graves, causadas pela E.coli O157:H7 e por outras bactérias produtoras de toxina tipo Shiga, as quais podem evoluir para síndromes gravíssimas como a síndrome hemolítico-urêmica (SHU) e a púrpura trombocitopênica trombótica (PTT).

Modo de transmissão

Em geral transmitidas por água ou alimentos contaminados, ou por objetos levados à boca contaminados com fezes ou vômitos ou fezes de pessoas doentes.

Período de incubação

Pode variar de acordo com o agente, em média no máximo 3 dias, sendo que determinadas toxinas podem causar vômitos ou diarreia em poucas horas após a ingestão do alimento contaminado.

Período de transmissão

Em geral, em bactérias, o agente permanece até 3 dias na fezes, com exceções para alguns tipos de Salmonelas. Parasitas podem permanecer por quase 1 meses e vírus, em geral, 5 dias.

Suscetibilidade e resistência

A suscetibilidade é geral, e em geral, a imunidade não é duradoura ou temporária para alguns agentes, podendo os indivíduos vir adoecer às novas exposições à água ou alimentos contaminados ou contato pessoa a pessoa. Além disso, são escassas as vacinas para seus milhares de agentes.

Manifestações clínicas

A diarreia aguda caracteriza-se por alterações do volume, consistência e freqüência das fezes, associada frequentemente com sua liquidez e aumento de evacuações. Em geral, a doença é acompanhada de náuseas, vômitos, febre, dor ou desconforto abdominal, flatulência, dor epigástrica, mal estar e fraqueza. A diarreia pode apresentar muco ou sangue, e alterações de cor e odor, dependendo do tipo do agente etiológico causador.

Diagnóstico diferencial

Deve ser feito com outros agentes etiológicos que também causam quadro semelhante e o diagnóstico laboratorial é de suma para essa identificação, especialmente nos casos envolvidos em surtos, em casos graves (presença de febre e ou sangue) e nas doenças de notificação obrigatória que se manifestam com diarreia.

Diagnóstico laboratorial

É feito a partir do isolamento e identificação do agente etiológico, por técnicas convencionais e ou moleculares, em material clínico do paciente (fezes, sangue, vômito, urina) e dos alimentos suspeitos de terem veiculado a infecção.

Tratamento
Varia de acordo com o agente, no geral, o tratamento deve ser de suporte, com reidratação e reposição de eletrólitos, sempre que possível por via oral.

Vigilância da Diarreia e o Programa de Monitorização das Doenças Diarreicas Agudas (MDDA)

O Programa de Monitoração das Doenças Diarreicas Agudas (MDDA) foi estabelecido para todo o território nacional, pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, e é um importante instrumento para detectar alterações no padrão local das doenças diarreicas, apontando em tempo oportuno surtos e epidemias.

Objetivos

O objetivo da MDDA é dotar as unidades locais de saúde que atendem a diarreia em seus municípios com instrumentos ágeis e simplificados que permitam uma análise semanal dos episódios de doença para a busca de relação entre os eventos (local comum das diarreias, fontes comuns de transmissão, grupos de pessoas envolvidas, gravidade da doença, etc.) o que permite detectar em tempo oportuno um surto ou epidemia, ou doenças sob notificação compulsória e outros agravos inusitados à saúde, possibilitando a investigação o mais precoce possível de suas causas e assim impedindo seu alastramento.

Unidades participantes da MDDA

O ideal na MDDA seria que todas as unidades de saúde que atendem diarreia participassem do programa registrando seus dados, analisando e enviando-os aos níveis do sistema de vigilância epidemiológica. Esta prática poderia permitir conhecer a incidência da diarreia nas pessoas que procuram serviços de saúde. Também é importante em nível local a integração da MDDA com os programas: Materno-Infantil, Saúde da Família e de Agentes Comunitários de Saúde, onde os agentes de saúde ao detectar casos de diarreia nas populações, estariam encaminhando às unidades de saúde e registrando aqueles que necessitam de atendimento médico.

Na impossibilidade de implantação do registro semanal dos eventos em todas as unidades, o município deve escolher as unidades de saúde com a maior representatividade no atendimento da doença observando-se essa representatividade por bairros ou distritos ou por determinadas áreas. Assim devem ser selecionadas, além das Unidades Básicas de Saúde, os Serviços de Pronto Atendimento ou Pronto Socorro de instituições públicas, conveniadas ou mesmo privadas, em função da representatividade da demanda de diarreia.

O programa sugere um caçulo??? (Não seria cálculo?)de pelo menos uma Unidade para cada 30 mil habitantes que mais de 80 % de todas as unidades de cada município tenha a MDDA implantada. E destas, espera-se também, que mais de 85% informem os dados semanalmente e regularmente ao seu Grupo Técnico de Vigilância (GVS).

As unidades escolhidas para implantar o programa da MDDA, denominadas de unidades sentinela, devem representar adequadamente o atendimento de DDA e sua capacidade de resposta de sua área geográfica, ou seja, a implantação de MDDA deverá sempre se dar em serviço de saúde que seja capaz de espelhar o que realmente está ocorrendo com a saúde dos moradores em cada área geográfica. Assim, por exemplo, se um dado município possui 7 unidades de saúde que atendem diarreia (5 UBS, 1 policlínica e 1 PS) e as unidades que mais atendem casos de DDA são 3 UBS e o PS, então, temos 4 unidades que podem ser sentinelas neste município.

Instrumentos de coleta e registro de dados

Coleta de informações dos pacientes

As seguintes informações básicas devem ser coletadas de cada paciente atendido com o diagnóstico de diarreia aguda: data do primeiro atendimento no episódio, sobrenome e iniciais do primeiro nome do paciente, data dos primeiros sintomas, faixa etária, se diarreia com sangue ou não, procedência (endereço completo), se no atendimento foi solicitado ou coletado amostra de fezes para diagnóstico etiológico, se houve contato com outro caso semelhante, se há outros casos no domicílio e tipo de tratamento aplicado (plano de atendimento/tratamento).

Na MDDA não são registrados os retornos dos pacientes referentes ao mesmo episódio de diarreia, mas somente o primeiro atendimento. Evidentemente que se o paciente se curou e volta no mês seguinte ou meses depois com diarreia, esse episódio será considerado como uma nova doença e será registrado como um novo caso.

Cabe ressaltar que face aos casos de diarreia sanguinolenta aguda os médicos dos serviços de saúde em geral, independentemente de estas unidades participarem ou não do programa de MDDA, devem notificar, imediatamente, os serviços de vigilância epidemiológica, assim como, proceder à coleta de fezes para a identificação do patógeno responsável. E todo caso de diarreia sanguinolenta deve ser investigado pela equipe de vigilância epidemiológica municipal com envio de relatório para os demais níveis de vigilância, considerando-se que este paciente com diarreia sanguinolenta pode vir apresentar a Síndrome Hemolítico Urémica, que é de notificação no Estado de São Paulo.

Planilhas

Impresso I - Planilha de Casos de Diarreia – MDDA

Os casos de diarreia atendidos na unidade de saúde participante da MDDA deverão ser registrados diariamente no Impresso I - Planilha de Casos de Diarreia (Anexo 1), utilizando –se quantas folhas forem necessárias para o registro de casos de uma mesma semana epidemiológica, conforme o calendário de semanas epidemiológicas (SE) divulgado pela SVS/MS para o ano em questão.

Esta folha deverá ser identificada com o nome do município, da regional de saúde e do serviço de saúde e com a semana epidemiológica referente às informações de diarreia que estão sendo registradas. A planilha e instruções de preenchimento encontram-se em anexo.

A data dos 1º sintomas deve ser pesquisada e registrada cuidadosamente para se avaliar o tempo que a população aguarda antes de procurar atendimento adequado e para conhecer a distribuição temporal dos casos, particularmente nas investigações que se fizerem necessárias quando da suspeita de ocorrência de surtos.

No último campo, far-se-á o registro do tipo de cuidado dado ao paciente em função de seu quadro clínico:

Plano A: Diarreia sem desidratação, paciente atendido e dispensado com orientações de cuidados domiciliares levando sais hidratantes para casa;

Plano B: Diarreia com desidratação, paciente em observação na sala de TRO;

Plano C: Diarreia com desidratação grave e com reidratação endovenosa.

No campo diarreia com sangue, anotar com um X quando o paciente apresentar diarreia sanguinolenta.

O campo sobre coleta de amostras de fezes deve ser preenchido para todos os casos em que o médico solicitou exame laboratorial, procedimento este que deve ser realizado em casos de diarreia não somente graves, mas naqueles com suspeita de doença de notificação compulsória ou de agravos inusitados, ou de envolvimento em surtos, ou com diarreia sanguinolenta.

Impresso II - Distribuição dos casos de diarreia por faixa etária, plano de tratamento e procedência

Ao final da semana epidemiológica os casos registrados nos Impressos I deverão ser condensados no Impresso II - Distribuição dos casos de diarreia por faixa etária, plano de tratamento e procedência (Anexo 2).

O preenchimento deste impresso é simples devendo os casos de diarreia ser anotados por faixa
etária, especificando-se se diarreia sem e com sangue e total, o número de casos por plano de tratamento e o
total de casos segundo a procedência comum, ou seja, por ruas, ou por bairros, sítios, etc. Dois casos ou mais
em uma mesma rua, ou no mesmo bairro ou sítio são indícios de surto e devem ser investigados.

A partir dos registros semanais os responsáveis pela monitorização nas unidades de saúde ou das equipes municipais de vigilância epidemiológica deverão elaborar os gráficos de acompanhamento diário e o mapeamento dos casos, que permitirão perceber imediatamente modificações no perfil de ocorrência de casos. Caso não haja acesso a um computador, a confecção de gráficos deve ser feita em qualquer papel quadriculado, utilizando-se cada quadrado na vertical para representar um caso, distribuído por faixa etária, por plano de tratamento e por semana epidemiológica.

Cada unidade de saúde enviará o Impresso II para o grupo de coordenação central de vigilância epidemiológica do município que consolidará todas as unidades no mesmo modelo (Impresso II) e enviará este à vigilância epidemiológica de seu respectivo GVE.

Consolidação dos dados de MDDA em nível regional e central

O impresso II de cada município enviado semanalmente ao GVE será digitado em sistema on-line, por meio de programa desenvolvido pelo DATASUS, denominado SIVEP-DDA, que permite a obtenção rápida de dados processados, com tabelas e gráficos, possibilitando uma análise em tempo oportuno de todos os municípios daquela região.

Em nível de CVE, a Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar representa a coordenação estadual e a gerência do sistema on-line, providenciando o cadastramento dos usuários do sistema, acessando todas as regionais e municípios e obtendo as consolidações para todo o Estado de São Paulo.

Fluxograma de envio das informações de MDDA

As unidades de saúde participantes da MDDA deverão enviar para a Secretaria Municipal de Saúde o Impresso II, todas as 2ªs. feiras subseqüentes a cada semana epidemiológica informada.

Por sua vez, a Secretaria Municipal de Saúde, ao receber as planilhas de todas as unidades procederá à consolidação dos dados de todas as suas unidades, no Impresso II, enviando-o para a Vigilância Epidemiológica Regional, na 4ª feira subsequente à semana informada.

O GVE alimentará o SIVEP_DDA, emitindo tabelas e gráficos, analisando esses dados, verificando a qualidade deles, solicitando correções de possíveis erros ou subnotificações, e tomando medidas complementares que se mostrem necessárias, tais como solicitar investigação de possíveis surtos, aumentar a coleta de amostras de fezes de casos suspeitos nos picos para identificação de etiologia de possíveis surtos, acompanhar as investigações, além de emitir relatórios mensais dos dados para divulgação aos seus municípios.

O fluxograma do envio das informações encontra-se em anexo.

Cuidados na digitação

A digitação de dados no SIVEP_DDA é bastante simples, mas exige alguns cuidados, principalmente no que tange a digitação do número de Unidades de Saúde (US) com MDDA implantada (C), pois este número pode ser diferente do número de US que atendem Diarreia (A), mas NÃO PODE variar semanalmente, isto é, este número deve ser o mesmo no decorrer do ano, só mudará caso alguma Unidade seja incluída ou excluída da Monitorização. O que varia semanalmente é somente o número de US que informaram (B). Por exemplo: suponha que o município de Santo André tenha 7 US que atendem diarreia mas somente 4 implantaram MDDA, então, o número de Unidades de Saúde com MDDA implantada (C), durante o ano de 2011 deverá ser digitado 4 em todas as SE. O que poderá variar em cada SE é o número de Unidades de Saúde que informaram (B), que poderá variar entre 0 e 3.

(tela de preenchimento do site)

Caso o município não tenha informado em uma determinada semana deve-se preencher a SE com “zero” nos campos por faixa etária, plano de tratamento, etc., informando no campo “Número de unidades que informaram” = “zero”. Esse procedimento é importante para diferenciar as unidades que de fato não atenderam casos de diarreia naquela semana, daquelas que não enviaram as informações. Dessa forma também obteremos no relatório gerado o percentual correto de US que atenderam na semana em questão.

No site do CVE há um manual detalhado sobre como proceder à digitação de dados no SIVEP_DDA.

Avaliação das informações geradas pelo sistema e tomada de decisões

Avaliação dos dados de MDDA

O objetivo mínimo definido em nível nacional é que todos os municípios implantem a MDDA em suas unidades representativas e que a avaliação desses dados desencadeie ações para prevenção de surtos e epidemias. Dessa forma, uma avaliação sistemática semanal é requisito básico no nível das unidades de saúde e no de coordenação municipal, buscando-se um vínculo epidemiológico entre os casos atendidos, verificando as mudanças de comportamento da doença, sem o que, perde-se seu objetivo primordial.

Os dados de MDDA implantada ao longo do tempo permitem conhecer a média mensal, semanal ou diária, observada nas semanas ou nos meses anteriores, de casos atendidos pelos serviços de saúde. Calculando-se a média de casos registrados por mês, semana ou dia, pelas unidades notificantes, poder-se comparar esse resultado com o número de casos registrados no período em que se suspeita de ocorrência de surto ou de epidemia em curso. Dessa forma a equipe de vigilância, por comparação, pode responder se houve aumento de casos, isto é, aumento da procura de serviços de saúde devido à doença, na (s) semana (s) epidemiológica (s) em que se suspeita de surto. Se houve aumento, deve-se desencadear a investigação desses casos.

À identificação do aumento de casos na curva epidêmica da diarreia, a investigação epidemiológica deve abranger o levantamento de prontuários dos casos envolvidos nos picos, procedendo-se à entrevista dos indivíduos doentes com vistas outros casos no domicílio e a identificar fontes comuns de transmissão da doença, além do que coletar amostras de fezes para identificação do agente etiológico, frente à suspeita de surto.

A partir dos dados de semanas ou meses anteriores, agrupados por faixas etárias, torna-se possível conhecer os percentuais e avaliar se houve mudança de faixa etária, deslocamentos, no período sob avaliação, calculando-se a incidência por faixa etária se conhecermos a população da área de abrangência da unidade de saúde. A tendência histórica da diarreia fornecida pelos dados registrados na MDDA permite avaliar o impacto de medidas de saúde pública no controle e redução da diarreia, especialmente aquelas relacionadas às condições de vida da população, à qualidade dos sistemas de abastecimento de água, ao acesso a saneamento básico, à introdução de novas vacinas (por exemplo, a vacina contra o rotavírus), programas de atenção à saúde, programas educativos, regulamentos sanitários e ações da vigilância sanitária para qualidade e segurança dos alimentos, entre outras desenvolvidas pela gestão municipal.

Indicadores de avaliação

Indicadores de avaliação são fundamentais para se observar o funcionamento e desempenho de um programa, isto é, se cumpre os objetivos a que se propõe. Para a MDDA, os indicadores podem ser agrupados basicamente em 2 conjuntos: 1) indicadores de gerência, aqueles que espelham os componentes do programa desenhado e se são desenvolvidos com qualidade, e 2) indicadores de desempenho ou resultados do programa, aqueles que mostram o cumprimento de seus objetivos principais. Podem ser avaliados em qualquer periodicidade, porém, mais factíveis em avaliações semestrais e anuais sistemáticas, em áreas geográficas de abrangência bem definida.

• Indicadores de gerência

1) Participação das unidades de saúde

a) Percentual de unidades de saúde (US) participantes da MDDA: proporção de unidades de saúde que aderiram ao programa de MDDA entre todas as unidades existentes que atendem diarreia no município (meta > 80%).

= N° de US com MDDA implantada_______         x 100
   Nº. de US existentes que atendem diarreia

b) Percentual de participação de unidades de saúde programadas para MDDA: número de unidades de saúde com MDDA implantada entre o número de unidades programadas segundo os critérios populacionais estabelecidos pelo programa no município (meta > 95%)

= N° de US com MDDA implantada    x 100
   N° de US programadas

• Representatividade das unidades de saúde

a) Proporção geral de casos de diarreia atendidos pelas unidades de saúde participantes da MDDA: número de casos registrados de diarreia pelo conjunto das unidades de saúde participantes da MDDA entre o total de casos de diarreia atendidos no município (meta > 80%)

= N° de casos registrados de diarreia pelo conjunto das unidades de saúde participantes da MDDA x 100
Total de casos de diarreia atendidos em determinada área geográfica (dado obtido em estudo       de demanda)

b) Proporção de casos de diarreia atendidos pela Unidade de Saúde “X” participante da MDDA: número de casos registrados de diarreia por determinada US participante da MDDA entre o total de casos de diarreia registrado por todas as unidades de saúde participantes de MDDA no município (o indicador permite avaliar a contribuição de cada US ao programa).

= N° de casos registrados de diarreia pela US “X” participantes da MDDA x 100
  Total de casos de diarreia atendidos pelas US participantes da MDDA

• Qualidade das informações e ações

a) Regularidade no envio de informação (REI): as unidades de saúde participantes da MDDA devem enviar semanalmente o Impresso II com registro de ocorrência ou não de casos de diarreia (meta > 95%)

= N° de US que enviaram informações na semana epidemiológica “N1” x 100 = > 95%
   N° de US em MDDA

No final do ano, calcula-se a média aritmética dos percentuais obtidos em cada semana (SE 01 a SE 52) obtendo-se o indicador anual para o município ou área geográfica avaliada.

= (Valor REI SE01) + (Valor do REI SE02) + ............ (Valor do REI SE52) = > 95%
52

b) Proporção de surtos investigados entre os identificados pela MDDA: percentual de surtos investigados entre os identificados a partir da análise dos dados de MDDA (meta > 95%).

= N° de surtos identificados na MDDA investigados x 100
   Total de surtos identificados na MDDA

c) Proporção de casos de diarreia sanguinolenta investigados entre os registrados pela MDDA: percentual de casos de diarreia sanguinolenta investigados entre os notificados pela MDDA (meta = 100%)

= N° de casos de diarreia sanguinolenta notificados pela MDDA x 100
  Total de casos de diarreia identificados pela MDDA

d) Número de relatórios de avaliação do programa: elaborar pelo menos um relatório de avaliação anual do programa MDDA, em todos os níveis de vigilância, com encaminhamento dos resultados às unidades participantes.

Indicadores de vigilância, desempenho ou resultados do programa

1) Perfil epidemiológico

a) Taxa de incidência da diarreia registrada pela MDDA: incidência de casos de diarreia registrados pela MDDA na população adstrita às unidades de saúde sentinela, geral e por faixas etárias, no município.

= N° de casos de diarreia da MDDA total ou por faixa etária x 100
   População total ou por faixa etária

OBS: este indicador deve ser trabalho para o total de casos de diarreia, para diarreia sem sangue e diarreia com sangue.

b) Curva temporal por semana epidemiológica, por ano: para visualização do comportamento da diarreia no município ou determinada área geográfi ca.

Construção da curva temporal da diarreia: no eixo X – semanas epidemiológicas; no eixo Y = número de casos.

Exemplo: (GRÁFICO)

c) Proporção de surtos identificados pela MDDA entre o total de surtos notificados/identificados: número de surtos identificados a partir da análise dos dados de MDDA entre o total de surtos notificados/identificados por todas as fontes de informação de surtos (notificações espontâneas por médicos, cidadãos, mídia, etc., de surtos ao Sistema de Vigilância de Surtos de Doenças Transmitidas por Alimentos, Rastreamento/Notificações de laboratório pelo Sistema de Vigilância Ativa e verificação/investigação de possíveis surtos pela MDDA) (meta > 40%).
= N° de surtos identifi cados pela MDDA x 100
   Total de surtos notifi cados por todas as fontes

2) Sinais de alerta fornecidos pela MDDA

Suspeita-se de surto ou epidemia nas seguintes condições, as quais são referidas como sinais de alerta:

a) Casos registrados com informação de vínculo com outro (s) caso (s): contato anterior no período com caso de diarreia, informação de existência de outros casos semelhantes no domicílio, ou trabalho, ou escola/creche, etc., no mesmo período;

b) Aumento da procura de serviços: presença de pico ou aumento da média de casos na semana, observada nos gráficos da MDDA.

O aumento da procura de serviços devido à diarreia pode ser obtido pelo cálculo da média semanal para cada mês, possibilitando assim construir uma curva temporal de casos com a respectiva média mensal para comparação entre as várias semanas ou meses ou anos.

Média Semanal de Casos para cada mês = Total de casos registrados no mês “X”
                                                       Total de SE do mês “X”

Com a finalidade de ilustrar como se faz a avaliação, observe a curva da diarreia do ano de 2009 e 2010 no município X:

Em 2009, no município A, a média semanal em cada mês foi de 1100 casos; em 2010, em abril a média semanal do mês ficou acima de 2000 casos; verificando-se a curva temporal de casos registrados pela MDDA, em 2009, podemos observar que em abril de 2010 houve claramente um pico de aumento de casos.

Os casos pertencentes aos picos devem ser investigados para se verificar a existência de fonte (s) comum(ns) entre eles, que características clínicas os casos apresentam, que agente (s) etiológico (s) estaria(m) envolvido (s) no (s) evento (s), entre outros aspectos que envolvem o desencadeamento de investigação de surto, conforme metodologia e instrumentos propostos no Manual de Doenças Transmitidas por Água e Alimentos: Investigação de Surtos – Normas e Instruções (disponível no site do CVE – http://www.cve.saude.sp.gov.br, em Doenças Transmitidas por Água e Alimentos, em Documentos Técnicos e Manuais).

c) Mudanças da frequência da diarreia nas faixas etárias: corresponde à observação de alterações no percentual de casos de diarreia por faixa etária ou da incidência de casos por faixa etária.

Comparações semanais, mensais e trimestrais permitem verificar mudanças do comportamento de determinados agentes etiológicos. Por ex., com a introdução da vacina contra o rotavírus, as crianças menores de 1 ano tornam-se protegidas, especialmente contra os genótipos abarcados pela vacina. Algumas alterações podem ocorrer ao longo do tempo ou se manifestar de maneira abrupta: 1) faixas etárias mais elevadas que não receberam a vacina permanecem suscetíveis e a diarreia por rotavírus passa a ter uma incidência maior entre essas crianças e adultos; 2) o nicho deixado pelos genótipos combatidos pela vacina passa a ser ocupado por outros genótipos do rotavírus ou então por outros vírus (por ex. norovírus).

Deslocamentos de incidência e percentuais de casos por faixa etária devem ser investigados epidemiologicamente e laboratorialmente, buscando-se identificar essencialmente o agente etiológico desses casos.

d) Mudança na gravidade dos casos: corresponde à observação de alterações no percentual de casos segundo o plano de tratamento. Espera-se que mais de 80% dos casos recebam o plano de tratamento A. O aumento de casos recebendo o plano C deve ser investigado e pode indicar introdução de novos patógenos, mutação ou reemergência de outras doenças controladas no passado. Investigações, epidemiológica e laboratorial, são fundamentais para a compreensão dessas alterações. A ocorrência de óbitos pode indicar mudanças de comportamento e deve ser investigada.

e) Mudanças na frequência de casos por ruas e bairros: o agrupamento de dados por ruas ou bairros, em avaliações semanais ou mensais, com cálculo de percentuais de casos e de coeficientes de incidência (se conhecida a população da rua ou do bairro), e mapeamento dos casos, pode indicar problemas relacionados às condições de vida das populações ou intercorrências no sistema de água e esgoto, circulação de alimentos contaminados, contaminação ambiental, etc..

Aprimorando a avaliação – construção do diagrama de controle da diarreia

Programas ou sistemas bem implantados de vigilância epidemiológica, com adesão dos profissionais de saúde e regularidade no envio de informações, de qualidade, estáveis, isto é, permanentes, permitem acumular ao longo do tempo dados para a construção de séries históricas longas, que espelham o comportamento da doença nas diferentes décadas e suas variações sazonais.

Quando a frequência do evento é constante, durante o ano, a análise dos dados não necessita de maiores recursos, sendo suficientes os cálculos realizados de médias mensais ou anuais e valores da mediana. Em frequências não regulares, o diagrama é uma ferramenta muito útil para fazer comparações.

Séries históricas de três anos ou mais possibilitam a construção do diagrama de controle da diarreia por determinadas áreas geográficas fornecendo subsídios para avaliações mais precisas sobre a existência de surtos ou epidemias.

Um diagrama de controle é uma curva temporal composta de três linhas: a) limite superior das
frequências endêmicas, que representa o “limite máximo” esperado para cada mês. É também denominado de “limiar epidêmico”, b) valor central ou “índice endêmico”, calculado a partir da média ou mediana dos registros de casos, e c) limite inferior, representando os valores endêmicos mais baixos da frequência observada da doença. A construção de um diagrama de controle da diarreia é fácil e pode ser elaborado para cada município ou área geográfica delimitada. Informações sobre como construí-lo encontram-se no Manual de MDDA, disponível no site do CVE: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/hidri_vsdda.htm

Situação epidemiológica no estado - incidência e série histórica (10 anos)

Percentual de unidades de saúde (US) participantes da MDDA (meta 80%)

Até 2006 o Estado era administrativamente dividido em 24 Diretórios Regionais de Saúde (DIR) e a partir de 2007 houve uma reestruturação na Vigilância Epidemiológica e as áreas passaram a ser divididas em 28 Grupos de Vigilância Epidemiológica (GVE). O início da implantação da MDDA deu-se timidamente, com algumas DIRs não representadas, mas, a partir de 2004, todas as áreas já participavam ativamente do Programa e em 2011 atingimos 71% US participando da MDDA.