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Em memória do Professor Ruy Laurenti (1931 - 2015)

No dia 12 de junho de 2015 faleceu o Prof. Ruy Laurenti, Livre Docente e Professor Titular em Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP). Na USP, além de professor, Laurenti atuou como pró-reitor de Cultura e Extensão, vice-reitor (1990-1994), reitor (agosto a novembro de 1993) e foi o primeiro ouvidor-geral da universidade (2001-2010). 


Ruy Laurenti formou-se em medicina em 1957 pela USP. Entre 1962 e 1970, especializou-se em Medicina Tropical (USP), Classificação de Doenças (Centro Latino Americano de Clasificación de Enfermedades, CLACE, Venezuela.), Estatística em Saúde (Escuela de Salubridad da Universidade do Chile, ESU, Chile), Epidemiologia das Doenças Cardiovasculares (Council On Epidemiology And Prevention International Society And Federation, CEP, Irlanda) e Saúde Púbilca (USP). Doutorou-se em Cardiologia, também pela USP, em 1969.


Como pesquisador, Laurenti contribuiu para o avanço da saúde pública publicando quase duas centenas de artigos e livros com temas relativos à área. Entre suas principais obras estão os livros "Atestado de Óbito" e "Estatísticas de Saúde". 


Também atuou, entre os anos de 1975 e 1979, como assessor de Dr. Walter Laser, ex-secretário Estadual da Saúde de São Paulo, durante sua segunda gestão.


"Vejo como uma das grandes contribuições de Ruy Laurenti a criação do CBCD, Centro Brasileiro de Classificação de Doenças, no ano de 1976, na USP. Esse Centro colabora com a OMS (Organização Mundial de Saúde) para a confecção da CID, Classificação Internacional de Doenças, que se renova a cada dez anos. Essa atividade é de grande importância, pois é essa classificação que irá dizer o que deve ser tratado como doença ou não", afirma o Prof. José da Rocha Carvalheiro, professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e ex-diretor do Instituto de Saúde (IS).


Prof. Carvalheiro também destaca a atuação de Laurenti para a criação do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), junto a outros nomes de importância para saúde pública, como Mário Hamilton, Sérgio Arouca, João Yunes e o próprio Carvalheiro. Esse sistema teria como uma de suas ações a padronização do atestado de óbito, que passaria a conter informações de extrema importância para as estatísticas de saúde.


"Para quem trabalha com informação em saúde, o trabalho que Laurenti iniciou com o SIM, mesmo sem o poder informacional e tecnológico que temos hoje, foi de grande valia. A partir daquele sistema, podemos trabalhar e buscar evoluir cada vez mais as informações em saúde", diz Dra. Luíza Sterman Heimann, atual diretora do IS.


Também segundo Luiza, o professor Ruy Laurenti teve imensa importância para a formação dos sanitaristas posteriores a ele, devido a sua extensa atuação como professor da FSP/USP. 


Marli Prado, que atua como pesquisadora no IS, foi uma das pessoas que tiveram contribuição de Ruy Laurenti para sua formação:


"Fui orientada por Ruy em meu projeto de doutorado, apresentado em 2009, em que abordei a mortalidade segundo a vulnerabilidade social no estado de São Paulo. Tudo o que eu sei sobre mortalidade, do ponto de vista científico, aprendi com ele. Também participei de atividades com ele quando fui diretora do SIM, entre os anos de 2006 e 2011. Nesse tempo, Ruy colaborou com projetos desenvolvidos pela instituição para a formação de codificadores de causas de morte", diz a Prado.


A pesquisadora considera ainda que Ruy foi referência para o estudo da mortalidade no Brasil e teve papel de destaque para a sistematização da informação em saúde. "Hoje, quem trabalha com informações em saúde deve muito ao trabalho inicial de Laurenti", afirma.


Luís Eduardo Batista, também pesquisador do IS, relembra atividades das quais participou envolvendo o professor Laurenti:


"Mais ou menos no ano 2000, o IS realizou um estudo intitulado 'A Morbi Mortalidade Feminina no Estado de São Paulo', para o qual a participação de Ruy foi de extrema importância para a interpretação dos dados analisados. Também tive o apoio de Ruy em pesquisas sobre saúde do homem e mortalidade da população negra no estado de São Paulo. Pude verificar nesses trabalhos a imensa delicadeza e dedicação de Ruy", afirma Batista.


Após a morte de Ruy, Carvalheiro, por meio das redes sociais, afirmou:


"Da equipe que criou o SIM, já nos deixaram Sérgio Arouca, Mário Hamilton e João Yunes. Ruy, um dos mais importantes especialistas da equipe, agora se junta a eles em outro plano: o da 'saudosa memória'".

 

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