Vetores
Os únicos vetores conhecidos da Febre Maculosa Brasileira são os
carrapatos do gênero Amblyomma, principalmente as espécies A. cajennense
e A. aureolatum. Para ambas as espécies de carrapatos, a perpetuação da
bactéria R. rickettsii é feita por transmissão transovariana e
perpetuação transestagial, sendo que o carrapato é o único reservatório
conhecido da bactéria na natureza. Os hospedeiros vertebrados dos
carrapatos desempenham o importante papel de amplificadores horizontais
da bactéria na população de carrapatos. Uma vez que um carrapato
infectado se alimenta em um animal suscetível, este desenvolve
riquetsemia sistêmica e se torna fonte de infecção para os carrapatos
livres da bactéria, que se alimentem neste animal durante este período. O
período de riquetsemia para os animais que participam como hospedeiros
para os vetores da Febre Maculosa Brasileira é controverso. Poucos
estudos foram realizados até agora e indicam que animais como capivaras e
gamb ás podem desenvolver períodos riquetsêmicos pouco mais longos do
que 10 dias.
Não existe uma fase contagiosa da doença. O carrapato é o único vetor
conhecido e, quando infectado, alberga a bactéria durante toda sua vida.
Profilaxia:
Medidas Preventivas Individuais
É sabido que, uma vez fixado ao hospedeiro, um carrapato infectado leva o
mínimo de seis horas para transmitir a riquétsia. Sendo assim, quanto
mais rápido uma pessoa retirar os carrapatos de seu corpo, menor será o
risco de contrair a doença. Quando uma pessoa é atacada por poucos
carrapatos, torna-se relativamente mais fácil e prático retirar todos
estes carrapatos num curto espaço de tempo. Por outro lado, quando uma
pessoa é atacada por uma alta carga de carrapatos, dificilmente ela
consegue retirar todos nas primeiras horas, passando alguns
despercebidos por várias horas, ou até mesmo alguns dias. Diante de tais
fatos, é obvio dizer que, quanto maior a população de carrapatos em uma
área endêmica para Febre Maculosa, maior é o risco de se contrair a
doença. Como não existem vacinas para serem utilizadas em humanos, como
medidas profiláticas da Febre Maculosa, a medida preventiva mais eficaz é
o controle das populações de carrapatos a níveis mínimos, reduzindo
substancialmente os riscos de infestação humana.
Ao adentrar em áreas com vegetação e presença de animais, seguir as orientações abaixo:
a) Usar macacão ou calça e camisa de mangas longas, de cor clara,
com a parte inferior dentro das meias para facilitar a visualização de
carrapatos. Pode ser utilizada fita adesiva prendendo a meia à calça ou
ao macacão e com a parte colante para fora, para aderência e
visualização de carrapatos.Após a utilização, todas as peças de roupas
devem ser colocadas em água fervente para a retirada dos carrapatos.
b) Evitar caminhar, sentar ou deitar em áreas conhecidamente infestadas por carrapatos.
c) Vistoriar o corpo minuciosamente, a cada 2 ou 3 horas. Prestar
atenção na forma jovem do carrapato (micuim), que apresenta tamanho
bastante reduzido e por isso, de difícil visualização.
d) Tomar banho quente utilizando bucha vegetal.
e) No caso de encontrar carrapato fixado à pele, observar:
• Não espremê-lo com as unhas, para não se contaminar;
• Não encostar objetos aquecidos (fósforo, cigarro) ou agulhas;
• Retirá-lo com calma, através de leves torções, com auxílio de uma pinça.
A Organização Mundial de Saúde (1997) refere que repelentes para
carrapatos não são comumente aplicados sobre a pele e sugere para
prevenir ataques de carrapatos e, para proteção mais duradoura, a
impregnação de roupas com PERMETHRIN a 0,65-1g de ingrediente ativo/m2
como o melhor produto, mas DEET e BUTOPYRONOXYL como sendo também
efetivos. No Brasil, não se tem conhecimento sobre a eficácia da
utilização de repelentes para carrapatos.
Controle:
A) Recomendações para o controle no ambiente
Controle Mecânico: Roçagem do pasto, rente ao solo. Preconiza-se o uso de roçadeiras mecânicas nos meses de verão.
Controle Químico: O
controle químico no ambiente não é recomendado, pois as tentativas
feitas não trouxeram resultados satisfatórios na redução da densidade de
carrapatos e causaram forte impacto no meio ambiente.
Este tipo de controle só é r ecomendado em situações de
peridomicílio (muros e paredes) infestado, devido ao parasitismo de
animais domésticos.
EQUINOS
Controle químico:
deve concentrar-se no primeiro ano, de abril a outubro, quando
predominam as fases de larvas e ninfas que são mais susceptíveis aos
carrapaticidas. No segundo ano os tratamentos carrapaticidas poderão ser
concentrados somente na época de predomínio de larvas, de abril a
julho, isso se o Programa foi bem conduzido no primeiro ano, o que deve
ter contribuído para a redução da população de carrapatos.
Controle mecânico:
deve concentrar-se de outubro a março, quando predominam os carrapatos
adultos. Recomenda-se a remoção manual de fêmeas ingurgitadas.
Obs.: Tanto o controle químico como a remoção manual, devem ser realizados com periodicidade semanal.
BOVINOS
O controle é indicado somente para áreas com presença destes,
juntamente com eqüinos e/ou capivaras, utilizando-se o mesmo esquema de
tratamento dos eqüinos, com a possibilidade do uso de produtos de
aplicação pour-on.
CÃES
• Aplicação de banhos carrapaticidas, a cada 7 ou 14 dias;
• Aplicações mensais de produtos de longa duração, na formulação pour-on;
• Uso de coleiras carrapaticidas.
Obs.: A duração destas recomendações deve ser mantida até que o controle dos carrapatos seja satisfatório.
ANIMAIS SILVESTRES:
Ações e estratégias de manejo desses animais são discutidas junto ao IBAMA, de acordo com a situação encontrada.